Por: Daniela Alves Freire - Médica Telerreguladora
Você sabia?
O 3º sábado do mês de outubro foi instituído como Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita por meio da Lei nº 13.430/2.017 e tem como objetivos estimular a participação dos profissionais e gestores de saúde na intensificação de atividades, com vistas a enfatizar a importância do diagnóstico e do tratamento adequado da sífilis na gestante durante o pré-natal e da sífilis em ambos os sexos como infecção sexualmente transmissível.
A sífilis é uma doença infectocontagiosa sistêmica, curável, de evolução crônica causada pela bactéria Treponema pallidum. Sua transmissão se dá por meio de relações sexuais desprotegidas, sangue e ou produtos sanguíneos, da mãe para o filho em qualquer fase da gestação ou no momento do parto (sífilis congênita) e pela amamentação. Nos últimos anos, houve um aumento do número de casos no Brasil.
A sífilis tem evolução lenta e alterna períodos sintomáticos e assintomáticos, com características clínicas distintas. A doença é dividida em três fases: primária, secundária e terciária. Não havendo tratamento após a fase secundária existe um período que denominamos sífilis latente.
Sífilis primária: após a infecção, ocorre um período de incubação entre 10 a 90 dias. O primeiro sintoma é o aparecimento de uma lesão, geralmente única, no local de entrada da bactéria. A lesão é denominada cancro duro ou protossifiloma e é indolor. Sua base é endurecida, com secreção serosa e muitos treponemas. Ela pode estar acompanhada de linfonodos em virilhas. Sua cura é espontânea, no período aproximado de duas semanas, independente de tratamento.
Sífilis secundária: quando a sífilis não é tratada em sua fase primária, evolui com a invasão dos treponemas para os órgãos e líquidos do corpo. Nessa fase o sintoma clínico é a erupção cutânea, sem prurido, incluindo a palma das mãos e planta dos pés. Podem aparecer em regiões úmidas do corpo. Ela se apresenta na forma de máculas, pápulas ou placas eritematosas branco-acinzentadas, denominadas condiloma lata. Essas lesões são ricas em treponemas.
Sífilis latente: quando não há o tratamento, após o desaparecimento dos sinais e sintomas, a infecção entra no período latente, sem qualquer manifestação clínica. Esse período ocorre é considerado recente no primeiro ano e tardio após esse período.
Sífilis terciária: nessa fase, a doença se manifesta com a inflamação e destruição de tecidos e ossos. As lesões são caracterizadas pela formação de gomas sifilíticas, que são tumorações amolecidas que podem acometer a pele, membranas mucosas e tecido ósseo. A sífilis terciária pode levar mais de dez anos para manifestar-se. As manifestações mais graves podem acometer o sistema cardiovascular (sífilis cardiovascular) e o sistema nervoso (neurossífilis).
O risco dessa infecção sexualmente transmissível (IST) está diretamente relacionado à presença de lesões sifilíticas muco cutâneas, mais comuns no primeiro ano de infecção (fases primária e secundária).
O diagnóstico da sífilis pode ser feito através do teste rápido (TR), que está disponível nos serviços de saúde do SUS. O teste é rápido e de fácil execução. Nos TR positivos (reagentes), uma amostra de sangue deverá ser coletada e encaminhada para a realização de análise laboratorial, através de teste não treponêmico, para a confirmação diagnóstica. Em gestantes, devido ao risco de transmissão fetal, o tratamento é iniciado com apenas um teste positivo, sem a necessidade de aguardar o resultado do segundo teste.
O tratamento de escolha da sífilis é realizado com a penicilina benzatina, disponível nos serviços de saúde do SUS. Outros antibióticos podem ser avaliados para casos específicos. Após o tratamento completo, é importante realizar o seguimento com coleta de teste não treponêmicos para a certeza de cura. Todos os parceiros sexuais dos últimos três meses devem ser testados e tratados para impedir cadeia de transmissão. O acompanhamento das gestantes no pré-natal e dos parceiros sexuais durante o pré-natal contribui para o controle da sífilis congênita. O acompanhamento das gestantes e parcerias sexuais durante o pré-natal de qualidade contribui para o controle da sífilis congênita.
O uso correto de camisinha masculina ou feminina e o acompanhamento pré-natal adequado são importantes medidas de prevenção contra a sífilis!
Referências:
1.BRASIL. Lei nº 13.430, de 31 de março de 2017. 
Institui o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, p. 1, 03 de abr. de 2017. Disponível em: https://legis.senado.leg.br/norma/17672675/publicacao/17672684. Acesso em 22 de set. de 2021.
2.BRASIL. Ministério da saúde. Sífilis: Estratégias para Diagnóstico no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, Coordenação de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids. Brasília: Ministério da saúde, 2010. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sifilis_estrategia_diagnostico_brasil.pdf. Acesso em 13 de out. de 2021.
3.BRASIL. Ministério da saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais. Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2015/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-prevencao-da-transmissao-vertical-de-hiv. Acesso em 13 de out. de 2021

 
					 
					 
		




