CONSCIENTIZAÇÃO DA EPILEPSIA – DIA ROXO

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Você sabia?

Pelo menos 25% dos pacientes com epilepsia no Brasil são portadores em estágios mais graves, ou seja, com necessidade do uso de medicamentos por toda a vida, sendo as crises frequentemente incontroláveis, sendo candidatos a intervenção cirúrgica. Assim já existem no Brasil alguns centros de tratamento cirúrgico aprovados pelo Ministério da Saúde (1).

 

     O Dia Mundial da Conscientização da Epilepsia, também conhecido como “Purple Day” (Dia Roxo),  foi criado em 2008 por uma menina canadense, Cassidy Megan de 9 anos de idade, com a ajuda da Associação de Epilepsia da Nova Escócia. Cassidy escolheu a cor roxa para representar a epilepsia devido à flor Lavanda, que, segundo ela, é frequentemente associada à solidão, sentimento de isolamento que muitas pessoas com epilepsia sentem. Seu objetivo foi mostrar que as pessoas com epilepsia não estão sozinhas (4).

     A epilepsia é uma condição neurológica bastante comum, acometendo aproximadamente uma em cada 100 pessoas. A doença é caracterizada pela ocorrência de crises epilépticas, que se repetem a intervalos variáveis. Essas crises são as manifestações clínicas de uma descarga anormal de neurônios, que são as células que compõem o cérebro. A epilepsia é um transtorno cerebral crônico que afeta de 8-10% da população mundial, responsável por 1 a 2% dos atendimentos de emergência e destes, 25% mostram-se como primeiro evento convulsivo da vida (3,2).

     A doença pode ter diversas causas, que variam de acordo com o tipo de epilepsia e com a idade do paciente. Em crianças, por exemplo, a anóxia neonatal (falta de oxigênio no cérebro durante o parto) e os erros inatos do metabolismo (alterações metabólicas que existem desde o nascimento) são causas frequentes de epilepsia. Em idosos, por outro lado, as doenças cerebrovasculares (acidente vascular cerebral (AVC) ), bem como os tumores cerebrais, estão entre as causas mais frequentes (3).

     Existem vários tipos de crises epilépticas, cada uma com características diferentes. Um dos tipos mais comuns é a crise tônico-clônica, chamada habitualmente de “convulsão”. Esse tipo de crise é facilmente reconhecível, pois o paciente apresenta abalos musculares generalizados, sialorreia (salivação excessiva) e, muitas vezes, morde a língua e perde urina e fezes (3).

     Outras crises epilépticas, entretanto, podem não ser reconhecidas por pacientes, seus familiares e até mesmo por médicos, pois apresentam manifestações sutis, como alteração discreta de comportamento, olhar parado e movimentos automáticos.
Em crianças, por exemplo, é comum a ocorrência de crises de ausência, caracterizadas por uma breve parada da atividade que a criança estava fazendo, às vezes associadas a piscamentos ou movimentos automáticos das mãos. As crises de ausência podem ocorrer muitas vezes ao dia (3)

Como ajudar uma pessoa com crise epiléptica: (4)

• Coloque algo macio sob a cabeça da pessoa para protegê-la de batidas do crânio contra o solo.

• Deite-a de lado para facilitar o escoamento de saliva e a respiração.

• Não coloque nada em sua boca.

• Não tente segurar a língua, pois ela não enrola.

• Não dê nada para beber ou cheirar.

• Não tente conter os seus movimentos.

• Fique a seu lado até que a pessoa se recupere. Algumas pessoas ficam confusas após a crise.

     O diagnóstico é feito por meio da avaliação do histórico do paciente, com informações sobre os tipos de crise apresentados, a idade de início dos sintomas, a história familiar, entre outras. Exames complementares são importantes para auxiliar no diagnóstico, como o eletroencefalograma, a tomografia de crânio e a ressonância magnética do cérebro. O diagnóstico apropriado da epilepsia e do tipo de crise apresentado pelo paciente permite a escolha do tratamento adequado (3).

     As crises epilépticas são tratadas com o uso de medicações específicas, denominadas fármacos antiepilépticos. Com o uso desse tratamento clínico, cerca de dois terços dos pacientes têm suas crises controladas. Um número significativo – cerca de um terço – porém, continua tendo crises a despeito do tratamento clínico. Para esses pacientes, outras opções de tratamento podem ser consideradas, como o uso da dieta cetogênica, principalmente em crianças, e o tratamento cirúrgico. A neuromodulação, com a estimulação do cérebro ou de nervos periféricos, também pode ser uma opção terapêutica em pacientes com epilepsia de difícil controle (3).

     Existe a possibilidade de prevenção de algumas causas de epilepsia, como a anóxia neonatal e as doenças cerebrovasculares. Assim, um acompanhamento pré-natal adequado e uma boa assistência ao parto certamente podem colaborar para reduzir o número de casos de epilepsia relacionados aos problemas do parto. Da mesma forma, o controle apropriado dos fatores de risco para doenças cerebrovasculares, como a hipertensão arterial e o diabetes, levam a uma redu​ção no número de acidentes vasculares cerebrais e, portanto, dos casos de epilepsia decorrentes dessa enfermidade (3).

REFERÊNCIAS

1. BRASIL, Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde.  [internet] 2015. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2046-epilepsia. Acesso em: 17 fev. 2021.  

2. Hospital Anchieta. 26 de março: dia mundial de conscientização sobre a epilepsia. [internet] Disponível em: https://www.hospitalanchieta.com.br/26-de-marco-dia-mundial-de-conscientizacao-sobre-a-epilepsia/#:~:text=26%20DE%20MAR%C3%87O%3A%20Dia%20Mundial%20de%20Conscientiza%C3%A7%C3%A3o%20sobre%20a%20Epilepsia,-O%20transtorno%20pode&text=A%20epilepsia%20%C3%A9%20um%20transtorno,primeiro%20evento%20convulsivo%20da%20vida.  Acesso em: 17 fev. 2021.  

3. Hospital Israelita Albert Einstein. Epilepsia. [internet] 2019. Disponível em: https://www.einstein.br/doencas-sintomas/epilepsia. Acesso em: 17 fev. 2021.   

4. FMB – Fundação Médica Brasileira. 26 de março: dia mundial da conscientização da epilepsia. [internet] 2018. Disponível em: http://portalfmb.org.br/2018/03/26/26-de-marco-dia-mundial-da-conscientizacao-da-epilepsia/.  Acesso em: 17 fev. 2021.