DIA MUNDIAL DO CORAÇÃO

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* Lilian dos Santos Libório – Teleconsultora enfermeira – Núcleo de Telessaúde Sergipe
* Débora Lessa Christofani – Teleconsultora médica – Núcleo de Telessaúde Sergipe
 

Você sabia?

     Você sabia que as doenças cardiovasculares se referem a um grupo de morbidades que envolvem coração e vasos sanguíneos, ou ainda, sequelas advindas de um suprimento sanguíneo vascular inadequado (1) e que atualmente elas ocupam a quarta posição nas causas de internação hospitalar, sendo a primeira causa de mortalidade no Brasil (2).

 

     No dia 29 de setembro é comemorado o Dia Mundial do Coração e o cuidado da saúde dele começa na Atenção Básica. O tema é questão de saúde pública no Brasil, pois segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), representaram mais de 30% dos óbitos no mundo em 2015 e em países em desenvolvimento atingiram mais de três quartos das causas de morte (3).

     As doenças cardiovasculares representam a principal causa de mortalidade e morbidade em todo o mundo. Muitas dessas patologias cardiovasculares deixam sequelas significativas com repercussão maior na vida das pessoas afetadas, daí a relevância de se conhecer bem a sua importância, bem como os fatores associados, de forma a desenvolver as medidas preventivas que permitam reduzir o seu impacto (4).

     Segundo a Agenda 2030 da Organização Mundial de Saúde para o Desenvolvimento Sustentável, existe um comprometimento dos países-membros para uma redução de 30% na mortalidade prematura por doenças não transmissíveis, particularmente as doenças cardiovasculares (cardiopatia isquêmica e acidente vascular cerebral — AVC), câncer, doença respiratória e diabetes (5).

     As doenças cardiovasculares são um grupo de doenças do coração e dos vasos sanguíneos e incluem: doença coronariana, doença cerebrovascular, doença vascular periférica, doença cardíaca reumática e cardiopatia congênita (6). Tanto as doenças cardiovasculares, quanto outras doenças crônicas não transmissíveis têm a sua causa estritamente associada a alguns fatores de risco, considerados não modificáveis, como envelhecimento da população, sexo e predisposição genética, e modificáveis que se referem ao estilo de vida, como tabagismo, etilismo, alimentação inadequada e inatividade física, além de sobrevida das doenças infecciosas, incorporação de novas tecnologias com diagnóstico mais precoce das doenças e redução de letalidade, mas uma parcela importante pode ser atribuída ao controle inadequado (7). O controle dos fatores de risco é primordial para a redução das doenças cardiovasculares, e é nesse parâmetro que os profissionais de saúde devem reunir esforços, com intervenções que melhorem qualidade de vida e controle da ocorrência desse agravo na população (8).

     As medidas de prevenção primária das doenças cardiovasculares estão baseadas em práticas que reduzam a exposição da população a esses fatores de risco que promovem o seu desenvolvimento. Entre elas destacam-se adoção de hábitos alimentares adequados e saudáveis, cessação do tabagismo, redução do uso nocivo de bebidas álcoolicas, prática de atividade física regular, controle da pressão arterial, manejo das dislipidemias, manejo do diabetes com controle da glicemia (7).

     O diagnóstico das doenças cardiovasculares é clínico, porém muitas vezes não há sintomas da doença subjacente. Os eventos cardiovasculares agudos, principalmente o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e o Acidente Vascular Cerebral (ACV), apresentam sintomas mais evidentes e característicos como: dor no tórax, dificuldade em respirar; sensação de náusea ou vômito; sensação de desmaio ou tontura; suor frio; palidez; parestesia (dormência) especialmente em um lado do corpo; confusão, dificuldade para falar ou para entender; dificuldade para enxergar com um ou ambos os olhos; dificuldade para andar, tontura, perda de equilíbrio ou coordenação; e dor de cabeça intensa. Nesses casos, as pessoas que apresentarem tais sintomas devem procurar imediatamente assistência médica (6).

     É importante ressaltar que a Estratégia Saúde da Família como política prioritária de atenção básica, por sua conformação e processo de trabalho, compreende as condições mais favoráveis de acesso às medidas multissetoriais e integrais que a abordagem das doenças crônicas não transmissíveis exige (9). A partir da Atenção Básica, o usuário pode ser encaminhado ao especialista, se o caso necessitar, mas continuará sendo acompanhado pelo médico da unidade de referência. Desta forma, receberá cuidado integral (3).

 

 

REFERÊNCIAS:

 

1- Devaux M, Lerouge A, Ventelou B, Goryakin Y, Feigl A, Vuik S, et al. Assessing the potential outcomes of achieving the World Health Organization global non-communicable diseases targets for risk factors by 2025 : is there also an economic dividend? Public Health. 2019;169:173-9. doi: https://doi.org/10.1016/j.puhe.2019.02.009.

2 – Ministry of Health (BR). Departamento de Informática do SUS – DATASUS. Informações de saúde. Epidemiológicas e morbidade. Brasília, 2017 [cited 2017 Dec 27]. Available from: Available from: http://datasus.saude.gov.br/epidemiologicas-e-morbidade/.

3 – Brasil. Ministério da Saúde. Cuidando do coração na Atenção Básica. Publicado em 29 de setembro de 2018. Acessado em: 19 de setembro de 2020. Disponível em: https://aps.saude.gov.br/noticia/4474.

4 – Pinto, F. J. Doenças Cardiovasculares em Português: a importância da medicina preventiva. Arq. Bras. Cardiol. v. 110, n. 6, São Paulo Jun. 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/abc/v110n6/pt_0066-782X-abc-110-06-0512.pdf. Acesso em: 12 set. 2020. 

5 – Polanczyk CA. Epidemiologia das Doenças Cardiovasculares no Brasil: A Verdade Escondida nos Números. Arq Bras Cardiol.  Porto Alegre, 2020; 115(2):161-162.

6 – Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS – Brasil). Organização Mundial da Saúde. Doenças cardiovasculares. 2017. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5253:doencas-cardiovasculares&Itemid=1096. Acesso em: 12 set. 2020.

7 – Brasil. Ministério da Saúde. Prevenção clínica de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. (Cadernos de Atenção Básica, n. 14) (Série A. Normas e Manuais Técnicos) Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad14.pdf Acesso em: 12 set. 2020. 

8 – Figueiredo FSF, Rodrigues TFCS, Rêgo AS, Andrade L, Oliveira RR, Rodavanovic CAT. Distribuição e autocorrelação espacial das internações por doenças cardiovasculares em adultos no Brasil. Rev Gaúcha Enferm. 2020;41:e20190314.

9 – Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Prevenção clínica de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 56 p. – (Cadernos de Atenção Básica; 14).