Implante Subdérmico de Etonogestrel

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Autoria: Janaina Eduarda Amarante Gonçalves Bispo – Analista em Gestão da Educação em Saúde na FUNESA.

No SUS estão disponíveis diferentes métodos contraceptivos que incluem métodos de barreira, hormonais e permanentes. Alguns exemplos: preservativos masculinos e femininos, diafragma, pílulas e injeções anticoncepcionais (com hormônios sintéticos), DIU hormonal e de cobre, laqueadura e vasectomia. E mais recentemente, o implante subdérmico de etonogestrel (implanon) que é uma contracepção reversível de longa duração (LARC – Long-Acting Reversible Contraception).

Planejamento Familiar

A constituição de 1988 garante como direito o planejamento familiar, com acesso a assistência à saúde, social e de informação para decidir o melhor recurso para gestar ou não (regulação da fecundidade). Ou seja, o planejamento familiar é de livre decisão dos indivíduos, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para tal. São vedadas formas coercitivas.

Métodos Contraceptivos Reversíveis de Longa Ação

São escolhas seguras para evitar uma gestação não planejada, não havendo necessidade de intervenção do paciente, podendo ser reversível. Ótima opção para países onde ocorrem elevadas taxas de gravidez não planejada em associação com vulnerabilidade social, embora todos os estratos sociais precisem ter acesso a todos os tipos de métodos contraceptivos. Estes devem ser ajustados às necessidades e planos de cuidado de cada pessoa.

Segundo a Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS), após análise de estudos selecionados, o implante de etonogestrel demonstrou maior eficácia contraceptiva e maior taxa de continuação no decorrer de três anos. Demonstrou maior taxa de satisfação do que o DIU de cobre, por exemplo.

Implante Subdérmico de Etonogestrel

É um bastão de plástico, com 4 cm de comprimento e 2 mm de diâmetro que deve ser inserido na face interna do braço após anestesia local (no braço não dominante), sem necessidade de método contraceptivo adicional. Contém 68 mg de etonogestrel – um hormônio feminino, produzido em laboratório e semelhante a progesterona (hormônio que atua no sistema reprodutor).

Como funciona

Esse tipo de implante libera o hormônio continuadamente na corrente sanguínea. Sua ação impede que o óvulo seja liberado do ovário e altera a secreção do colo do útero, dificultando a entrada de espermatozóides no útero. O procedimento é simples e deve ser realizado por um profissional médico ou do enfermeiro com capacitação comprovada. A retirada também deve ser realizada por profissional treinado e também precisa de anestesia nesse procedimento.

Prioridades

  • População vulnerável definida:
  • pessoas em situação de rua
  • usuárias de drogas em idade reprodutiva
  • homens transgêneros
  • adolescentes
  • usuárias de Talidomida e parcerias sexuais dos usuários de Talidomida. As pessoas elegíveis para uso do implante subdérmico devem ser orientadas em relação a todos os métodos contraceptivos disponíveis na UBS.
  • Em condições particulares de vulnerabilidades psicossociais conforme os critérios médicos atualizados de elegibilidade para uso de contraceptivos da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Momento de inserir o implante SD de Etonogestrel:

1) Se no período puerperal:

  • Amamenta: Após 28 dias ou no alojamento conjunto (24 a 48 horas pós-parto). O implante será inserido de 24 a 48 horas sempre que se detectar risco de curto intervalo intergestacional.
  • Não amamenta: 24-48h após parto ou após 28 dias do parto.
  • Se não se encontra no período puerperal:

– Entre 1°- 5° dia do ciclo menstrual se tiver sem método anticoncepcional.

– Em uso de método contraceptivo: proposta aceita, agendamento imediato para a troca.

– Em amenorréia ou além do 5° dia do ciclo menstrual (se há razoável certeza de não gravidez): contracepção de barreira por sete dias após inserção.

– Pós-aborto: Imediatamente após o aborto. É desejável realizar o teste rápido de gravidez de rotina nestes casos antes da inserção do implante SD.

Retornos clínicos e avaliação

Pós-inserção: 1, 3, 6 e 12 meses. Após este período, os retornos serão semestrais ou anuais a depender do perfil de adesão da paciente. Se forem diagnosticados efeitos adversos será realizada avaliação com intervalos mais curtos. Avaliar de forma regular se sangrar mais de 10 dias consecutivos.

Limitações

  • Irregularidades da menstruação. Na maioria dos casos, há sangramento irregular, podendo haver aumento do fluxo menstrual ou ausência de menstruação. Estas alterações são mais comuns no primeiro ano e não têm consequências negativas na saúde. De cada 100 mulheres, 15 terão sangramento mais frequente.
  • Podem ocorrer algumas alterações da pele, dores de cabeça, náuseas, aumento da sensibilidade mamária e variações do humor (semelhantes às que ocorrem com outros métodos contraceptivos como a pílula).
  • Podem aparecer cistos benignos nos ovários, que geralmente não necessitam de tratamento.

 Fluxo na rede básica

As condições abaixo deverão ser avaliadas no processo decisório, mas não necessariamente impedem a inserção do dispositivo:

  1. Hipótese de gravidez atual (necessário descartar hipótese com teste laboratorial recente de sangue ou urina);
  2. Amamentação exclusiva no pós-parto abaixo de seis semanas, se houver problemas relativos à percepção da fertilidade;
  3. Controle de pressão arterial;
  4. Se irá passar por cirurgia de grande porte com imobilização prolongada;
  5. Diabetes sem controle glicêmico adequado.

Não utilizar o método (impedimentos):

  1. Sangramento genital inexplicável;
  2. Trombose Venosa Profunda atual;
  3. Doença Cardíaca Isquêmica;
  4. Câncer de Mama;
  5. Hepatite Aguda Viral;
  6. Cirrose e tumores Hepáticos;
  7. Medicamentos que afetam enzimas hepáticas (Ex.Rifampicina);
  1. Rotina de atividades coletivas ou abordagem individual:
  2. Pessoa deseja o Implante:

A.1. Encaminhar a pessoa elegível para inserção do implante (UBS mais próxima de onde reside).

A.2. No dia da inserção deverá ser apresentado para leitura, entendimento e assinatura do TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO, LIVRE E ESCLARECIDO PARA COLOCAÇÃO DE IMPLANTECONTRACEPTIVO disponibilizado pela gestão local.

Fontes:

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE SERGIPE. Sergipe é pioneiro na capacitação para implantação de método contraceptivo na rede estadual. SES – Sergipe, 23 set. 2025. Disponível em: https://saude.se.gov.br/sergipe-e-pioneiro-na-capacitacao-para-implantacao-de-metodo-contraceptivo-na-rede-estadual/. Acesso em: 02 dez. 2025.

 

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Protocolo do implante subdérmico de etonogestrel – janeiro/2025. São Paulo, 2025. Disponível em: https://prefeitura.sp.gov.br/documents/d/saude/protocolo_implante_subdermico_etonogestrel_jan25-pdf. Acesso em: 02 dez. 2025.

 

BRASIL. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC). Resoc 542: implante subdérmico de etonogestrel para contracepção em adolescentes. Brasília: CONITEC, 2025. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/consultas/relatorios/2025/resoc_542_implanon_contracepcao_adolescente.pdf. Acesso em: 02 dez. 2025.

 

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE CATANDUVA. Protocolo – Implante subdérmico de etonogestrel (IMPLANON). Catanduva, 25 ago. 2025. Disponível em: https://observasaudecatanduva.sp.gov.br/wp-content/uploads/2025/10/IMPLANON_25_08_2025.pdf. Acesso em: 02 dez. 2025.

 

BRASIL. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC); Ministério da Saúde (MS). Relatório preliminar – Ampliação de uso do implante subdérmico de etonogestrel para contracepção em mulheres adultas em idade reprodutiva entre 18 e 49 anos (CP‑18/2025). Brasília: CONITEC/MS, mar. 2025. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/ptbr/midias/consultas/relatorios/2025/relatorio-preliminar-etonogestrel-cp-18.pdf. Acesso em: 02 dez. 2025.