Botulismo

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Autoria: Janaina Eduarda Amarante Gonçalves Bispo – Analista em gestão da Educação em Saúde na FUNESA

O Botulismo é uma doença neuroparalítica ocasionada devido a ação de toxinas da bactéria Clostridum botulinum. Pode apresentar-se de três formas: Botulismo alimentar, botulismo por ferimentos e botulismo intestinal.  Deve ser considerada como uma emergência médica e de saúde pública de imediata notificação às vigilâncias epidemiológica e sanitária para investigação, principalmente se a fonte for alimentar.

O Clostridum botulinum é um bacilo esporulado que em sua forma vegetativa produz tipos de toxinas botulínicas, são oito ao total: A, B, C1, C2, D, E, F e G. Os tipos que causam doença no ser humano são: A, B, E e F, sendo mais frequente o A e B.  Condições ideais para propagação: falta de oxigenação, ph alcalino ou próximo do neutro, atividade de água e temperatura acima de 30ºC. Os tipos A e B (que podem ser encontrados no solo) desenvolvem-se a temperaturas acima de 25ºC até 40ºC. O tipo E pode proliferar a partir de 3º C.

Os esporos são amplamente distribuídos em solos, sedimentos de mares, em produtos agrícolas, tais como: legumes, vegetais, mel, vísceras de animais. Podem ainda ser identificados em conservas artesanais, produtos alimentares com presunto, mortadela, salsicha, carnes enlatadas, queijos e enlatados contaminados (estufados).

Deve-se ter especial atenção também com ferimentos infectados, contaminados e com tecido necrótico. Há também o botulismo intestinal que envolve multiplicação do agente no ambiente intestinal – mais observado em crianças que ingerem alimentos com desenvolvimento de esporos, como o mel que não é indicado para menores de 2 anos.

Os principais sintomas se demonstram como acometimento neurológico: dificuldade de controle dos movimentos da cabeça, sucção fraca, disfagia, hipoatividade, paralisias bilaterais descendentes (no sentido da cabeça aos pés, por exemplo, dos membros superiores para outras partes do corpo). Também ocorrem dificuldades para deglutir  e respirar, sendo necessários procedimentos invasivos e permanência em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).  

O Sistema nervoso periférico é comprometido. Ou seja, há comprometimento dos plexos, nervos musculares, inclusive da bainha de mielina que reveste a célula nervosa, sendo necessária a diferenciação diagnóstica para excluir outras doenças neurológicas.

A toxina após ingerida é absorvida no estômago e intestino, alcançando a circulação sanguínea através do sistema porta-hepático. Então a toxina alcança o sistema nervoso, exceto o sistema nervoso central devido à barreira hematoencefálica.

Não somente os humanos são afetados, Os animais ruminantes, suínos, aves, cães são suscetíveis a intoxicação por toxina botulínica devido a origem dos alimentos e da água. A bactéria pode sofrer veiculação hídrica, ingestão de feno, milho ou silagem contaminada.  No caso de alimentos ingeridos por humanos, é importante a conservação adequada, como também higienizar os alimentos e cozê-los em altas temperaturas.

Locais de abatimento de animais devem executar o correto descarte de carcaças de animais e resíduos de risco biológico, pois podem contaminar o ambiente, atingindo lençóis freáticos, solos, alimentos, outros animais e pessoas que entram em contato com esses resíduos.

No âmbito desse tipo de doença, o trabalho da vigilância sanitária é essencial na fiscalização para evitar a intoxicação no homem devido ao consumo de produtos contaminados. Também é correto realizar o autocuidado: não consumir produtos sem inspeção federal, estadual ou municipal, descartar alimentos com embalagens danificadas, latas amassadas, enferrujadas ou estufadas. Com líquido turvo, sem condições de armazenamento. Ou seja, estar vigilante quanto as condições higiênico-sanitárias.

Fontes:

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual integrado de vigilância epidemiológica do botulismo. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006.88 p.: il. – (Serie A. Normas e Manuais Técnicos)

Brasil. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. Brasília: Editora do Ministério da Saúde. 6º ed. v.1. 2023.