Novembro Azul: o cuidado integral da saúde do Homem

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Por: João Cavalcante

Você sabia?
Que as causas externas (acidentes e violências) e as doenças do aparelho circulatório (como infarto agudo do miocárdio, AVC e hipertensão arterial) são as doenças que mais matam homens no Brasil? E que as neoplasias (cânceres) são a terceira maior causa de mortalidade, sendo o câncer se pulmão o mais letal, seguido do câncer de próstata?

       No mês de novembro, os serviços de saúde se pintam de azul para aprofundar suas ações relativas à saúde do homem. O novembro Azul tem suas origens em uma brincadeira de amigos australianos, que em 2003 se reuniram e resolveram deixar os bigodes crescerem no mês de novembro. No ano seguinte, associaram a brincadeira à prevenção do câncer de próstata – por conta do mês de outubro ser dedicado à prevenção do câncer de mama e ser chamado de outubro rosa. O movimento cresceu e passou a angariar fundos para os cuidados com a doença.


       Em 2012, a campanha para chamar atenção para saúde do homem ganha o nome de Novembro Azul no Brasil. Apesar de abordar outras patologias, permanece focada no diagnóstico precoce do câncer de próstata.
Mas precisamos falar da saúde do homem integralmente. Desde 2009 o Ministério da Saúde do Brasil implantou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, que possui como diretrizes:

  • – Acesso e Acolhimento 
  •  Sexualidade Responsável e Planejamento Familiar
  • – Paternidade e Cuidado
  • – Doenças Prevalentes na População Masculina
  • – Prevenção de Violência e Acidentes

       O Ministério da Saúde compreende o papel do mês de novembro como reforço da conscientização sobre a saúde do homem, mas reforça a necessidade do cuidado durante todos os meses do ano. Para isso, estimulam os homens a:

  • – Realizar consultas médicas periódicas
  • – Realizar testes rápidos para Infecções Sexualmente Transmissíveis;
  • – Atualizar seu calendário vacinal;
  • – Pegar preservativos nas unidades de saúde sempre que precisar;
  • – Aprender sobre planejamento familiar e participar ativamente do pré-natal de sua parceira;
  • – Realizar tratamentos propostos da equipe de saúde.
  • – Evitar o álcool, o fumo e outras drogas;
  • – Consumir alimentos saudáveis e realizar atividade física regular;
  • – Conversar sobre seus problemas com pessoas de confiança e profissionais de saúde. Não usar a violência para lidar com as situações da vida;
  • – Praticar a direção defensiva no trânsito;
  • – Cultivar bons hábitos de higiene pessoal.

Os profissionais das equipes de atenção primária, nas unidades básicas de saúde estão preparados para elaborar projetos terapêuticos específicos para cada homem que busque os serviços de saúde. As unidades oferecem exames de rastreamento, com destaque para aqueles que diagnosticam precocemente doenças que aumentam o risco cardiovascular: hipertensão, diabetes e dislipidemias (aumento de colesterol).
Especificamente quanto a prevenção do câncer de próstata, alguns pontos precisam ser destacados. Depois do câncer de pele, o câncer de próstata é o câncer que mais mata os homens. Fatores como idade, história de câncer na família, e sobrepeso e obesidade aumentam o risco de câncer de próstata. Assim sendo, ter alimentação saudável, evitar álcool e fumo, praticar atividade física e manter um peso corporal adequado são fatores que previnem muitas doenças, incluindo o câncer de próstata.
Os sintomas do câncer de próstata são: dificuldade e urinar, demora ao começar ou terminar a urina, sangue na urina, diminuição de jato da urina, maior necessidade de urinar durante o dia ou noite. Se você tiver algum destes sintomas, procure a unidade de saúde mais perto de sua casa. 
Quando os profissionais de saúde indicam exames para uma pessoa que não tem sintomas, chamamos de RASTREAMENTO. E será que homens que não tem sintomas que levem a suspeita de câncer de prostata precisam realizar exames como o PSA e o toque retal? Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA): “Em consonância com as evidências científicas disponíveis e as recomendações da OMS, a organização de ações de rastreamento para o câncer da próstata não é recomendada. Homens que demandem espontaneamente a realização do exame de rastreamento devem ser informados por seus médicos sobre os riscos e benefícios associados a essa prática e posteriormente definirem em conjunto com a equipe de saúde pela realização ou não do rastreamento”.
Ou seja, realizar o exame mesmo sem ter nenhum sintoma é uma decisão conjunta da pessoa, na sua relação com o profissional de saúde de sua confiança, analisando os benefícios e os riscos para a realização destes exames. Converse com o profissional de saúde para conhecer os riscos e benefícios do rastreamento do câncer de próstata para decidir se deseja ou não realizar os exames.

Os homens, como todas as pessoas, precisam cuidar da saúde!

Referências:

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Rastreamento. Brasília – DF. (Série A. Normas e Manuais Técnicos Cadernos de Atenção Primária, n. 29), 2010:95p. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_primaria_29_rastreamento.pdf
2. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Saúde do Homem Além da Próstata. [página eletrônica]. Disponível em: https://www.ufrgs.br/telessauders/prostata.php
3. Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer (INCA). Câncer de próstata: vamos falar sobre isto? Disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/cartilhas/cancer-de-prostata-vamos-falar-sobre-isso
4. US Preventive Services Task Force, Grossman DC, Curry SJ, Owens DK, Bibbins-Domingo K, Caughey AB, Davidson KW, Doubeni CA, Ebell M, Epling JW Jr, Kemper AR, Krist AH, Kubik M, Landefeld CS, Mangione CM, Silverstein M, Simon MA, Siu AL, Tseng CW. Screening for Prostate Cancer: US Preventive Services Task Force Recommendation Statement. JAMA. 2018 May 8;319(18):1901-1913. doi: 10.1001/jama.2018.3710. Erratum in: JAMA. 2018 Jun 19;319(23):2443. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2680553
5. Antônio Augusto Dall’Agnol Modesto; Rodrigo Luciano Bandeira de Lima; Ana Carolina D’Angelis; Daniel Knupp Augusto. Um novembro não tão azul: debatendo rastreamento de câncer de próstata e saúde do homem. Interface – Comunicação, Saúde, Educação, vol. 22, núm. 64, 2018