Por: Marcella Cristina Halliday Muniz - Teleconsultora Médica
Você sabia?
Inspirado no funcionamento do olho o homem criou a máquina fotográfica. Em nossos olhos, a córnea funciona como a lente da câmera, permitindo a entrada de luz no olho e a formação da imagem na retina. Na porção posterior, a retina seria o filme fotográfico, onde a imagem se reproduz. E a pupila (chamada “menina do olho”) funciona como o diafragma da máquina, contraindo ou dilatando-se de acordo com a quantidade de luz que entre no olho (1).
Várias doenças que afetam o organismo podem provocar alterações visuais. Em alguns casos, a manifestação ocular é o primeiro sinal perceptível de uma doença sistêmica, e o exame oftalmológico constitui o ponto de partida para o diagnóstico precoce de condições que não necessariamente têm origem nos olhos, mas que além de afetá-los podem ser potencialmente graves para a saúde como um todo (2).
Entre os exemplos de problemas sistêmicos que podem comprometer a visão estão o diabetes mellitus, a hipertensão arterial, doenças da tireoide, doenças infecciosas como a sífilis e a tuberculose, doenças inflamatórias como a artrite reumatoide e o lúpus eritematoso sistêmico, entre outras (2-4).
No grupo das doenças crônicas, a maioria dos problemas oculares ocasionados pelo diabetes ocorrem na retina e decorrem de alterações no suprimento sanguíneo e consequente diminuição da oferta de oxigênio às células (hipóxia), provocando o quadro de retinopatia diabética e seus desdobramentos (baixa visão ocasionada por edema na retina, descolamento retiniano, hemorragias, etc.). O diabetes pode ocasionar ainda outros distúrbios para os olhos, como mudanças transitórias do grau dos óculos, surgimento precoce de catarata, paralisias da musculatura extraocular. O comprometimento relacionado à hipertensão arterial ocorre nos vasos da retina, com potencial para desencadear baixa de visão decorrente de oclusões de veias e artérias retinianas ou de situações de neuropatia óptica (por hipóxia do nervo óptico) (2-4).
O hipertireoidismo pode causar um aspecto de “olho saltado” (chamado proptose) e de olhar assustado pela retração das pálpebras, além de poder provocar visão dupla e desvio ocular. As complicações oculares referentes à tireoide podem incluir também úlcera de córnea e perda visual (2,4).
Já as doenças infecciosas e as inflamatórias, provocam habitualmente reações de inflamação nas diversas estruturas oculares, cursando com quadros de olho vermelho e/ou baixa de visão. Podem acometer o globo ocular desde sua porção anterior, com ulcerações da córnea, inflamações na esclera (chamadas esclerites) e na câmara anterior do olho (iridociclites); até a porção posterior, com quadros de inflamação da retina e coroide (coriorretinites) e dos vasos do fundo do olho (vasculites) (4).
Todas estas condições têm potencial de causar danos à visão se não forem identificadas e adequadamente tratadas. Em todos os casos, o diagnóstico precoce da doença de base e o acompanhamento médico são fundamentais, sendo também extremamente importante a orientação de um oftalmologista.
Referências:
- 1. CBO – Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Pacientes. Olho humano. Disponível em: < https://www.cbo.com.br/pacientes/como_funciona_o_olho_humano.htm >
- 2. CBO – Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Revista Veja Bem. 18. Ano 6. 2018. Disponível em:< https://cbo.net.br/2020/admin/docs_upload/Revista_vejabem_18.pdf >
- 3.VILELA, Manuel Augusto Pereira et al. Nervo Óptico. 1ª ed. Rio de Janeiro: Cultura médica: Guanabara Koogan, 2013.
- 4. GERVASIO, Kalla; PECK, Travis. The Wills Eye Manual. 8ª ed. Wolters Kluwer, 2021.






