* Débora Lessa Christofani – Teleconsultora médica – Núcleo de Telessaúde Sergipe
Você sabia?
Em 2017, a Federação Internacional de Diabetes (International Diabetes Federation, IDF) estimou que 8,8% da população mundial com 20 a 79 anos de idade (424,9 milhões de pessoas) convivia com o diagnóstico de diabetes, e para 2040 a estimativa é que o quantitativo será de 13,6% da população mundial, dentro dessa faixa etária.(1,2)
Desde 1991 que no dia 14 de Novembro é celebrado pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como dia Mundial de Diabetes. O objetivo deste dia é chamar a atenção dos cidadãos e governantes para a problemática da Diabetes (2)
Diabetes mellitus (DM) é uma doença endócrino-metabólica de etiologia heterogênea, que envolve fatores genéticos, biológicos e ambientais, caracterizada por hiperglicemia crônica, resultante de defeitos na secreção ou na ação da insulina. (1)
A classificação do DM baseia-se em sua etiologia, e se divide em: DM tipo 1 – Tipo 1A (deficiência de insulina por destruição autoimune das células β) e Tipo 1B (deficiência de insulina de natureza idiopática); DM tipo 2: perda progressiva de secreção insulínica combinada com resistência à insulina; DM gestacional: hiperglicemia de graus variados diagnosticada durante a gestação, na ausência de critérios de DM prévio; outros tipos de DM: secundário a doenças e/ou uso de medicamentos.(2)
A doença causada pelo DM é assintomática ou oligossintomática por longo período, os sintomas clássicos de hiperglicemia são: poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento. Porém, em um terço dos casos a manifestação do DM1 pode ter início abrupto, com quadro clínico de cetoacidose diabética, sendo que essa situação é bem mais frequente na infância e na adolescência.(2)
O diagnóstico do DM é feito com base na dosagem dos seguintes exames laboratoriais: Glicemia em jejum ≥ 126, TOTG (teste oral de tolerância à glicose) ≥ 200 e Hemoglobina glicada (HbA1c) ≥ 6,5 %. A presença de qualquer desses parâmetros positivos confirma diagnóstico de DM. Pacientes com sintomas clássicos de hiperglicemia, não precisam realizar a repetição dos exames quando alterados, para confirmação diagnóstica é necessário repetir a dosagem apenas em pessoas assintomáticos. (2)
O DM pode evoluir com complicações: agudas (hipoglicemia, cetoacidose e síndrome hiperosmolar hiperglicêmica não cetótica); crônicas – microvasculares (retinopatia, nefropatia, neuropatia) e macrovasculares (doença arterial coronariana, arterial periférica e cerebrovascular). O diabetes é um fator significativo de risco para doença cardiovascular (DCV), e as complicações cardiovasculares são as principais causas de morte dos pacientes que têm diabetes. Dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) sugerem que 50% dos pacientes com diabetes vão a óbito por fatores associados ao coração (1,2).
O tratamento do DM1 se dá por meio da insulinoterapia, já que pacientes com DM1 têm deficiência absoluta de insulina endógena. O DM2 tem seu tratamento baseado no uso de hipoglicemiantes orais. Em ambos tipos de DM , as intervenções não medicamentosas são indispensáveis para um controle glicêmico adequado e referem-se à educação em diabetes, estímulo ao autocuidado, automonitorização glicêmica, cessação do tabagismo e redução do consumo de bebidas alcoólicas (1,2).
As medidas de prevenção primária do DM envolvem intervenções farmacológicas e não farmacológicas. As medidas não farmacológicas incluem modificações da dieta alimentar e atividade física, constituindo, portanto, mudanças do estilo de vida. No tocante às medidas farmacológicas, o uso de agentes antidiabéticos é efetivo em diminuir a incidência de DM quando administrados em pacientes com pré-diabetes ( Glicemia de jejum ≥ 100 e < 126, TOTG ≥ 140 e < 200 e HbA1c (≥ 5,7 e < 6,5%) , pois retardam e previnem a evolução de pré-diabetes para diabetes.(2)
No DM2, a prevenção primária inclui intervenções que devem abranger a redução de anormalidades metabólicas presentes na maioria das pessoas que desenvolvem esse tipo específico de DM, como obesidade, hipertensão arterial e dislipidemia, como também o controle de fatores de risco modificáveis, como dieta alimentar, atividade física, tabagismo.(3)
No que se refere a prevenção secundária do DM, há evidências que algumas medidas tem papel importante na prevenção do surgimento ou na progressão de suas complicações agudas e crônicas, como: tratamento da hipertensão arterial e dislipidemia; prevenção de ulcerações nos pés; rastreamento para diagnóstico e tratamento precoce da retinopatia; rastreamento para microalbuminúria.(3)
Uma epidemia de diabetes mellitus (DM) está em curso, e cerca de 80% desses indivíduos com DM vivem em países em desenvolvimento. Em 2013, estimou-se que existiriam 11.933.580 pessoas, na faixa etária de 20 a 79 anos, com diabetes no Brasil. (3)
A incidência de DM tipo 1 é alta no Brasil, estima-se que ocorram 25,6 casos por 100.000 pessoas por ano, estima-se que mais de 88 mil brasileiros tenham DM1 e que o Brasil ocupe o terceiro lugar em prevalência de DM1 no mundo, segundo a International Diabetes Federation. Além disso, sabe-se que aproximadamente 90% de todos os casos de diabetes mellitus correspondem ao DM tipo 2.(1,2)
O número de indivíduos diabéticos está aumentando em virtude do crescimento e do envelhecimento populacional, da maior urbanização, da crescente prevalência de obesidade e sedentarismo. A prevenção é essencial para protege indivíduos suscetíveis de desenvolver DM, tendo impacto positivo por reduzir ou retardar tanto a necessidade de atenção à saúde como a de tratar as complicações da doença.(3)
REFERÊNCIAS
- 1. BRASIL. Ministério da Saúde.Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Diabetes Mellitus Tipo 1.CONITEC – Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. 2018. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2018/Relatorio_PCDT_DM_2018.pdf. Acesso em: 06 out. 2020.
- 2. SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2019-2020. Clannad, 2019. 419p. Disponível em: https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/DIRETRIZES-COMPLETA-2019-2020.pdf. Acesso em: 14 out. 2020.
- 3. SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2014-2015: epidemiologia e prevenção do diabetes mellitus. 2014. Disponível em: https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/pdf/diabetes-tipo-2/001-Diretrizes-SBD-Epidemiologia-pg1.pdf. Acesso em: 21 out. 2020.