O que são as Síndromes Geriátricas?

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Autoria : Janaina Eduarda Amarante Gonçalves Bispo – Analista em gestão da Educação em Saúde da FUNESA.

A população brasileira passa por um processo demográfico de envelhecimento, com um aumento significativo no número de idosos nas últimas décadas (pessoas com idade a partir de 60 anos). Esse fenômeno exige que as pessoas estejam mais atentas aos desafios complexos, no que diz respeito à saúde, ao bem-estar dos idosos, autonomia e independência no dia a dia. Entende-se que o envelhecimento humano pode ser influenciado pela forma que se vive ao longo dos anos e experiências que se manifestam nas dimensões física, mental e social que podem levar à diminuição da autonomia.

Síndromes Geriátricas são condições de saúde prevalentes em muitos idosos, sobretudo idosos fragilizados. São condições clínicas que afetam a capacidade funcional. Em termos de saúde do idoso é necessário observar a funcionalidade global da pessoa idosa, se está capaz de gerir a própria vida e cuidar de si mesmo. Essa capacidade pode ser avaliada por meio da análise das Atividades de Vida Diária (AVDS) e das Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVDS).

AVDS:

– Tomar banho;

– Vestir-se;

– Alimentar-se;

– Realizar as dejeções no banheiro (urinar, defecar);

– Locomover-se;

– Controle de esfíncter;

– Higiene pessoal e íntima;

AIVDS (tarefas mais complexas que exigem planejamento e cognição):

– Preparar refeições;

– Fazer compras;

– Gerenciar dinheiro e finanças;

– Dirigir;

– Usar telefone;

– Seguir prescrições médicas;

É preciso saber diferenciar o que é comum da Senescência e o que é Senilidade, que não é para ser considerado normal no processo de envelhecimento:

Senescência é envelhecer de forma natural, “normal”. Ocorrem alterações físicas e fisiológicas de forma gradual, sem comprometimento da autonomia. As alterações são típicas do envelhecimento e ocorrem de forma discreta, sem adoecimento. Senilidade não é “normal”. Ela envolve doenças associadas ao processo de envelhecimento, com comprometimento da capacidade funcional, principalmente se não acompanhadas ou controladas. É exemplo a demência senil: síndrome que causa a perda progressiva e irreversível das funções intelectuais, como a memória e raciocínio, prejudicando a capacidade de realizar atividades diárias e de viver de forma independente.

A perda da capacidade funcional se projeta em síndromes geriátricas que envolvem: incapacidade cognitiva, instabilidade postural, imobilidade, incontinência esfincteriana, iatrogenia, insuficiência familiar/social e incapacidade comunicativa. São os 7 i’s  da geriatria. 

 

Essas síndromes afetam a qualidade de vida e podem causar morbidade (prevalência de doenças e dependência funcional) e mortalidade. Entende-se que o grau de prejuízo funcional varia de pessoa para pessoa. Os idosos em fragilidade podem apresentar diferentes sintomas e efeitos associados.

Desde 2006 está em vigor no país a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa considerando a necessidade de que o setor saúde dispusesse de uma política atualizada relacionada à saúde do idoso, com o objetivo de que o Brasil responda às crescentes demandas de sua população que envelhece. Principalmente para a parcela da população que passa por um processo de envelhecimento marcado por doenças e agravos que limitam o bem-viver e o bem-estar.

No SUS, o cuidado ao idoso deve começar na Atenção Primária que é ordenadora e coordenadora do cuidado na Rede de Atenção a Saúde. É necessário evitar condutas em saúde que possam provocar iatrogenias, que são complicações devido a um tratamento inadequado ou desnecessário. O cuidado direcionado ao idoso na Atenção Primária pode aumentar a resolutividade de questões de saúde, com a atuação de Equipes de Saúde da Família, incluindo a atenção domiciliar, atividades coletivas, testes que podem ser aplicados para acompanhamento e diagnóstico, instrumentos de avaliação funcional, acompanhamento psicossocial e se necessário, farmacoterapia.

A partir de abordagens preventivas é possível estabelecer intervenções precoces, pois há acompanhamento da saúde do idoso de forma ampla para que não sejam necessárias intervenções curativas tardias devido ao desenvolvimento e acentuação de síndromes geriátricas.

FONTES:

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.528, de 19 de outubro de 2006. Aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Brasília, 2006.

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 192 p.

 

 

MEDRADO, A. L. G. et al. Os 7 Is da Geriatria: revisão de literatura. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 10, n. 11, p. 7192-7206, 2024. DOI: 10.51891/rease.v10i11.17139.

 

MORAES, E. N. et al. Principais síndromes geriátricas. Revista Médica de Minas Gerais, v. 20, n. 1, p. 54-66, 2010.

 

SILVA, A. et al. Síndromes geriátricas e bem-estar do idoso: papel do enfermeiro. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, São Paulo, v. 1, n. 1, dez. 2024. Edição Especial, Universidade Iguaçu – UNIG. ISSN 2675-3375.

 

SILVA, G. M. G.; SOUZA, M. E. G.; PONTES, S. S. A assistência em saúde para idosos com síndromes geriátricas. Revista REVOLUA, v. 2, n. 3, p. 368-377, jul./set. 2023.

 

SÉTLIK, C. M. et al. Relação entre fragilidade física e síndromes geriátricas em idosos da assistência ambulatorial. Acta Paulista de Enfermagem, v. 35, p. eAPE01797, 2022.

 

YUASO, D. R. Síndromes geriátricas e a reabilitação da pessoa idosa. In: UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS; UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO. Atenção à pessoa com deficiência I […]. São Luís: UNA-SUS/UFMA, 2021.