Autoria: Janaina Eduarda Amarante G. Bispo – Analista em gestão da Educação em Saúde da FUNESA
A Hipertensão Arterial está dentre as doenças crônicas epidemiologicamente importantes para a saúde pública do Brasil, pois também significa maior redução da expectativa e de qualidade de vida de indivíduos, sejam eles crianças ou adultos. As alterações no corpo humano acontecem em termos funcionais e estruturais dos principais órgãos relacionados com o sistema cardiovascular. São os órgãos-alvo da hipertensão: coração, cérebro, rins e vasos sanguíneos. Nesse entre meio ocorrem também alterações não fatais, mas também que podem tornar-se fatais, com conseqüências como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular encefálico.
Os fatores de risco para HA envolvem: nível alto de glicemia e gordura corporal, alta ingestão de sódio, sedentarismo, sobrepeso e obesidade, uso de fumos e consumo elevado de bebidas alcoólicas, apneia do sono, entre outros. Porém socialmente também há determinantes, como por exemplo, situações de vulnerabilidade, baixa escolaridade, morar em bairros desfavorecidos de políticas públicas, de áreas de lazer e para exercícios e falta de acesso a alimentos saudáveis.
O cuidado de pessoas no nível da Atenção Primária é essencial e resolutivo no sentindo da prevenção e promoção de saúde de pessoas que não são hipertensas, mas que podem um dia passar a precisar de cuidados nesse sentido, como também para prevenção e promoção da saúde de pessoas suspeitas ou já diagnosticadas com HAS (hipertensão arterial sistêmica). É na APS onde o paciente hipertenso precisará de acompanhamento, monitoramento e se necessário, o encaminhamento adequado e em tempo oportuno para cuidado especializado. Hipertensão arterial não deve ser cuidada na rede hospitalar, somente em casos de urgência e emergências.
O rastreamento de pessoas com sinais de hipertensão ou suspeitas deve ser realizado a partir da primeira infância, pessoas adolescentes, adultas e idosas. Mesmo em crianças podem ser percebidos fatores de risco (obesidade, uso de medicamentos, doença renal, alterações cardíacas, diabetes 1 e 2). Então, nesse sentido, o rastreamento não deve ser feito somente em adultos. Mas devem ser rastreados todas as pessoas que passam por consultas clínicas. Em caso de confirmação, deve ser planejada a terapia mais adequada associada a medidas como tratamento.
O tratamento para hipertensão arterial sistêmica envolve mudanças no estilo de vida primordialmente: adoção de dieta com baixo teor de sódio, rica em frutas e vegetais, controle no consumo de álcool e fumos, prática regular de exercícios físicos, eliminação dos fatores de estresse. E se for necessário, adesão ao tratamento medicamentoso. Ou seja, uma abordagem multifatorial é vital para redução da pressão arterial.
Os pacientes devem ser incentivados a monitorar regularmente a pressão arterial e buscar orientação em saúde de profissionais capacitados, mesmo com sintomas leves e esporádicos. A Educação em Saúde também é primordial, pois a comunidade precisa entender todos os fatores de risco e a importância de medidas preventivas e de promoção de saúde. É necessário também fazer a comunidade entender dos fatores genéticos quem podem influenciar no aparecimento de sintomas como: o histórico familiar e a etnia (a literatura científica observa que pessoas negras e pardas têm maior risco de desenvolver hipertensão).
Diagnóstico
O primeiro passo para o diagnóstico é a aferição correta da pressão arterial, que deve ser realizada em condições adequadas: o paciente deve estar em repouso, sentado, com o braço apoiado na altura do coração, e sem ter ingerido cafeína, fumado ou realizado exercício físico intenso nos 30 minutos anteriores. E essa deve ser uma medida estabelecida pelo profissional de saúde clínico geral, como também o especialista cardiologista. Exames complementares podem ser solicitados, com acompanhamento e monitoramento.
Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial – 2025
A Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2025 é um documento que reúne recomendações mais atualizadas e baseadas em evidências científicas, com parceria entre a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH).
Em termos de atualização e novas evidências, essa diretriz aponta como acompanhar diferentes grupos de pacientes e suas condições. Além de apresentar o valor de PAS (Pressão Arterial Sistólica) 120-139 mmHg ou PAD (Pressão Arterial Diastólica) entre 80-89 mmHg como pré-hipertensão. O documento além de abranger aspectos diagnósticos e clínicos, também apresenta formas de manejo de emergências hipertensivas e os casos de hipertensão resistente e refratária (a pressão alta que permanece descontrolada apesar do uso de cinco ou mais medicamentos diferentes).
Principais Destaques
– Recomenda-se classificar a pré-hipertensão abrangendo valores de PAS entre 120-139 mmHg ou PAD entre 80-89 mmHg no consultório com o objetivo de identificar precocemente indivíduos em risco e incentivar intervenções mais proativas e não medicamentosas para prevenir a progressão para HA.
– Recomenda-se que o diagnóstico de HA seja feito quando a PA no consultório for ≥ 140 e/ou 90 mmHg em duas ocasiões diferentes e classificada em estágios 1, 2 e 3, de acordo com o maior valor de PAS ou PAD.
– Recomenda-se utilizar equipamento automático de braço com o objetivo de reduzir erros e facilitar a obtenção da medida da PA.
– Recomenda-se usar MAPA ou MRPA para confirmar diagnóstico de HA e monitorar o tratamento.
Legenda: *HA: hipertensão arterial; MAPA: monitorização ambulatorial da pressão arterial; MRPA: monitorização residencial da pressão arterial; PA: pressão arterial; PAD: pressão arterial diastólica;PAS: pressão arterial sistólica.
Fontes:
AMORIM, J. S. et al. Hipertensão Arterial Sistêmica: Uma revisão da literatura atual. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 6, n. 7, 2024.
BRASIL. PORTARIA SECTICS/MS Nº 049, DE 23.07.2025. Brasília: Ministério da Saúde. 2025.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Hipertensão arterial sistêmica para o Sistema Único de Saúde. Brasília : Ministério da Saúde, 2006. 58 p.
BRANDÃO, A. A.; RODRIGUES, C. I. S.; BORTOLOTTO, L. A.; ARMSTRONG, A. C.; MULINARI, R. A.; FEITOSA, A. D. M.; MOTA-GOMES, M. A. et al. Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 2025.






