INFLUENZA: UM DESAFIO CONTÍNUO PARA A SAÚDE PÚBLICA

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                Autoria: Enf(a) Mariana Mayara – Equipe de Teleorientação em Pediatria.

A influenza é uma infecção respiratória aguda causada pelos vírus influenza A, B e C,que acometem milhões de pessoas todos os anos e representa uma das principais causas de internação por doenças respiratórias em todo o mundo. Apesar de amplamente conhecida como “gripe”, a influenza tem potencial para causar complicações severas, especialmente em grupos vulneráveis, como crianças pequenas, idosos, gestantes e indivíduos com doenças crônicas. A abordagem da influenza como problema de saúde pública envolve estratégias contínuas de vigilância epidemiológica,vacinação e educação em saúde (OMS, 2025).

A influenza é provocada por vírus da família Orthomyxoviridae, com destaque para os tipos A e B, que são responsáveis pelas epidemias sazonais. A transmissão da influenza ocorre de forma direta, por meio de gotículas de saliva expelidas ao falar, tossir ou espirrar,e de forma indireta,pelo contato com superfícies contaminadas. A incubação do vírus varia entre 1 a 4 dias, e os principais sintomas incluem febre alta, dor no corpo, dor de garganta, tosse seca, calafrios, cansaço extremo e, em alguns casos, sintomas gastrointestinais. Embora muitas vezes seja confundida com resfriados comuns, a gripe geralmente apresenta sintomas mais intensos e súbitos (KIM et al., 2021).

O comportamento sazonal da influenza está relacionado à queda da temperatura e maior circulação viral nos períodos de outono e inverno. Esse padrão favorece surtos e epidemias que impactam significativamente os serviços de saúde, exigindo uma resposta rápida e coordenada. Nesse cenário, a vigilância epidemiológica exerce papel fundamental na detecção precoce de casos e monitoramento das cepas circulantes, subsidiando a formulação da vacina anual (OMS, 2025).

A vacinação é considerada a principal medida de prevenção. No Brasil, o Ministério da Saúde realiza anualmente a Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza, com foco nos grupos de risco. A vacina é trivalente e quadrivalente, dependendo do ano,e sua formulação é atualizada conforme orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS), baseada na vigilância global dos vírus. Embora não ofereça 100% de proteção, a vacina reduz significativamente as chances de formas graves, hospitalizações e óbitos (Brasil, 2024).

Além da imunização, outras medidas preventivas são fundamentais, como o uso de máscaras em ambientes fechados ou com grande circulação de pessoas,a higienização frequente das mãos, o distanciamento social em caso de sintomas gripais e a etiqueta respiratória.Tais ações ganharam ainda mais relevância durante a pandemia de COVID- 19, que demonstrou a vulnerabilidade das populações diante de doenças respiratórias virais (TROMBETTA et al., 2022).

A pandemia de COVID-19 reforçou a importância do fortalecimento dos sistemas de vigilância, prevenção e resposta a doenças respiratórias, destacando o impacto que vírus como a influenza podem ter sobre a saúde pública e os sistemas de saúde. A coinfecção entre COVID-19 e influenza também é uma realidade possível e perigosa, o que torna ainda mais crucial a ampliação da cobertura vacinal e a conscientização da população.

O tratamento da influenza,em casos leves,é sintomático,com hidratação, repouso e uso de antitérmicos. Nos casos graves ou em grupos de risco, pode ser indicado o antiviral oseltamivir, com maior eficácia quando iniciado nas primeiras 48 horas do início dos sintomas. A identificação precoce dos casos e o início oportuno do tratamento são fundamentais para evitar complicações (MARTINS et al., 2023).

A influenza continua sendo uma ameaça relevante à saúde pública mundial. A sua alta transmissibilidade, somada à capacidade de provocar surtos sazonais e graves desfechos clínicos, exige vigilância contínua e políticas públicas eficazes. A vacinação anual é a principal ferramenta de prevenção,sendo imprescindível a adesão da população-alvo. Além disso, a educação em saúde e o fortalecimento da atenção primária são estratégias fundamentais para ampliar a cobertura vacinal, prevenir complicações e promover uma resposta eficiente frente aos surtos de gripe. O papel dos profissionais de saúde, em especial da enfermagem, é essencial na prevenção, identificação precoce dos casos e orientação da comunidade, contribuindo para a redução do impacto da doença.


REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica. Brasília: Ministério da Saúde, 2022.


BRASIL. Ministério da Saúde. Plano Nacional de Imunizações (PNI): Informe Técnico da Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza, 2024.

FIOCRUZ.Influenza:o que é,sintomas,prevenção e tratamento. Disponível em: https://portal.fiocruz.br.

KIM,YH; HONG, KJ; KIM, H; NAM, JH. Vacinas contra a gripe: passado, presente e futuro. Rev Med Virol, v. 32, n. 1, p. 1-14, maio. 2021. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1002/rmv.2243.

MARTINS, JP; SANTOS, M; MARTINS,A; FELGUEIRAS, M; SANTOS,R. Seasonal influenza vaccine effectiveness in persons aged 15–64 years: a systematic review and meta-analysis,Vaccines,v.11,n.8,2023. Disponível em : https://www.mdpi.com/2076-393X/11/8/1322.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Influenza(Sazonal). Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/influenza-(seasonal). Acesso em: jun. 2025.

TROMBETTA, CM; KISTNER,O; MONTOPOLI,E; VIVIANI,S; MARCHI,S.Vírus da influenza e vacinas: o papel dos estudos de eficácia das vacinas para a avaliação dos benefícios das vacinas contra a influenza. Vaccines, v. 10, n. 714, p. 1-18, 2022. Disponível em: https://www.mdpi.com/2076-393X/10/5/714.