Pela Enf.ª Maynara Lima Franca – Equipe de Teleorientação em Pediatria.
A rubéola ou sarampo alemão, é transmitida pelo vírus do gênero Rubivirus, da família Togaviridae, considerada uma doença aguda e altamente contagiosa.
Dentre as doenças infectocontagiosas, a rubéola tem sua importância epidemiológica pois está representada pela ocorrência da Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) que atinge o feto ou o recém-nascido cujas mães se infectaram durante a gestação. Quando a mulher soronegativa é infectada na gravidez inúmeras complicações surgem, a infecção pelo vírus da rubéola atinge o feto e quando a infecção ocorre no primeiro trimestre gestacional, o risco de graves lesões em órgãos fetais é alto. Pode ocorrer o aborto e natimorto (feto expulso morto) e em recém-nascidos, podem acontecer malformações congênitas, a exemplo de surdez, malformações cardíacas e lesões oculares.
No Brasil, até o final da década de 80, a relevância da rubéola era desconhecida. Foi através de resultados de estudos sobre a prevalência de anticorpos contra a rubéola, em alguns grupos populacionais, que orientaram a definição e implementação de estratégias de imunização/vacinação. A vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) foi implantada gradativamente entre os anos de 1992 até o ano 2000, tendo uma faixa etária estabelecida de 1 a 11 anos de idade, sendo ampliada gradativamente ao longo dos anos (BRASIL, 2024).
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2024), entre 1998 a 2002 foram realizadas campanhas de vacinação para as mulheres em idade fértil (MIF) na faixa etária de 12 a 49 anos de idade, o principal objetivo dessa vacinação foi eliminar a tríplice SRC no país.
A segunda dose da vacina foi implantada em 2004 para a faixa etária de 4 a 6 anos de idade. Também houve ampliação da oferta da vacina para os homens até 39 anos e mulheres até 49 anos de idade. A vigilância epidemiológica da rubéola e da SRC foi intensificada a partir da Eliminação do Sarampo.
Em 2006 surtos de rubéola passaram a ocorrer nos estados de MG, RJ, CE, PB, MT e MS. Em 2007 foram confirmados surtos em 19 estados, perfazendo um total de 6.753 casos. A faixa etária mais acometida é a de 20 – 39 anos de idade e 70% dos casos confirmados ocorreram no sexo masculino. Em 2008 foi realizada a Campanha de Vacinação para Eliminação da rubéola para homens e mulheres de 20 a 39 anos (BRASIL, 2024). Desde 2009, não foram confirmados mais casos de rubéola no Brasil, indicando a interrupção da transmissão autóctone do vírus da rubéola, denominado 2B.
O principal sintoma da rubéola são o surgimento do exantema, que são erupções vermelhas na pele, sendo manifestada no rosto inicialmente e que se expandem para o corpo (LIMA et al., 2018).O período de transmissibilidade é de 5 a 7 dias antes e depois do início das erupções cutâneas, sendo o período de transmissão mais intenso ocorrendo dois dias antes e depois do início do exantema (BRASIL,2025). A propagação da rubéola acontece diretamente de pessoa para pessoa, por meio das secreções nasofaríngeas expelidas pelo doente ao espirrar, tossir, respirar ou falar. Porém, essa transmissão pode acontecer mesmo antes do indivíduo apresentar qualquer sinal ou sintoma. A infecção também pode ser congênita, ou seja, da mãe para o feto.
As manifestações clínicas são marcadas por terem baixo risco de gravidade e ter curso sintomatológico inespecíficos, principalmente, nos dez primeiros dias da doença. Nesse sentido, quando manifestado sintomas, pode haver febre baixa, aumento de linfonodos cervicais (linfonodo occipital e retroauricular) além de outros achados generalizados de uma infecção viral como artralgia ou mialgia (LIMA et al., 2018).
Podem surgir cefaleia, congestão nasal, microlesões papulares, olhos avermelhados, congestão nasal, dificuldade de engolir, nódulos na região da nuca e atrás das orelhas, desconforto geral e sensação de mal-estar constante, dores musculares e nas articulações.
Para o diagnóstico da doença deverá ser realizado exame laboratorial/coleta sanguínea de imunoglobulinas por meio de sorologia, utilizando-se a técnica de ensaio Rubéola imunoenzimático (ELISA – do inglês, enzyme-linkedimmunosorbentassay) para detecção de anticorpos IgM específicos, soroconversão ou aumento na titulação de anticorpos IgG. O vírus também pode ser identificado pela técnica de reação em cadeia da polimerase precedida de transcrição reversa (RT-PCR), em amostras de orofaringe, nasofaringe, urina, líquor ou em tecidos do corpo (óbito) (BRASIL,2023). O exame detecta a presença de um ou de ambos os anticorpos no sangue.
Não há tratamento específico para a rubéola, é geralmente uma doença leve e autolimitada que não requer tratamento específico. Os sinais e sintomas apresentados devem ser tratados de acordo com a sintomatologia e terapêutica adequada, conforme cada caso (WHO, 2018).
Após a melhora do quadro, o tratamento para rubéola normalmente é dispensado, tendo em vista que os sintomas costumam desaparecer sozinhos.A imunidade da doença rubéola é adquirida após processo infeccioso da doença ou após vacinação, sendo a última se mantendo, praticamente, por toda vida. Ainda há relato de casos de reinfecção após contato apesar de terem sido infectadas ou vacinadas (MAWSON; CROFT, 2019).
A prevenção da rubéola é feita por meio da vacinação, sendo o meio mais seguro e eficaz estando disponível nos postos de saúde de todo o Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A dose única da vacina tríplice viral (Sarampo, Rubéola e Caxumba) é administrada em bebês a partir dos 12 meses de vida e a dose de reforço é feita entre os quatro e seis anos de idade. Mulheres que não contraíram a doença devem se imunizar antes da gravidez e gestantes não podem tomar a vacina (BRASIL, 2025).
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Rubéola. Portal Gov.br – Saúde, 2024. Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/r/rubeola. Acesso em: 12 jun.
2025.
BRASIL. Ministério da Saúde. Rubéola: orientações para profissionais de saúde.
Portal Gov.br – Saúde, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-
br/assuntos/saude-de-a-a-z/r/rubeola/orientacoes-para-profissionais-de-saude. Acesso
em: 12 jun. 2025.
GOYANA, Gabriela de Paula1 ; LIBÓRIO, Mahara de Souza1 ; MARTINS, Léo Vitor
Araújo2 ; MOURA, Esther de Seixas2 ; DESIR, Esther Anouse1 ; FERREIRA, Ingridy
Maria Oliveira3 ; GONÇALVES, Aline Belle Moraes3. Guia Prático de Pediatria.
Edição 1 Cap. 72. P. 330. Disponível em:
https://sistema.editorapasteur.com.br/uploads/pdf/publications_chapter/RUB%C3%89O
LA-72696e6b-f69d-44c6-8447-0ca6ed01da37.pdf. Acesso em: 17 jun.2025.
BRASIL. Ministério da Saúde. Rubéola. In: Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de
vigilância em saúde: volume único. 6. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2023. p. 4.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. Saúde na agenda 2030 para o
desenvolvimento sustentável: monitoramento da saúde para os ODS. Genebra:
WHO, 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Calendário nacional de vacinação da criança.
Brasília: Ministério da Saúde, 2025.