Pela Enf.ª Vanessa Menezes – Equipe de Teleorientação em Pediatria.
No Brasil, o Sarampo é uma doença de notificação obrigatória desde 1968. Nos anos 1980, houve um declínio gradual do número de mortes, essa redução foi atribuída ao aumento da cobertura vacinal. Em 1992, o Brasil adotou a meta de eliminar o sarampo para o ano 2000, com a implementação do Plano Nacional de Eliminação do Sarampo, que era a primeira campanha nacional de vacinação contra a doença (Xavier et al., 2019).
O Sarampo persiste entre as principais causas de morte entre crianças, afetando principalmente ≤ 5 anos. No ano 2016, após cinco anos sem registro de casos, foi concedida ao Brasil a certificação de eliminação do sarampo, entretanto, devido às baixas coberturas vacinais, houve reintrodução do vírus, com surtos em diversos estados, em particular nas regiões do Nordeste, foram adotadas medidas de cobertura vacinal preconizadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) (Maciel et al., 2024).
De acordo com Ministério da Saúde (2024) o Estado de Sergipe não registra casos de sarampo desde 2021, contribuindo para retomada do título de país livre de sarampo. Em 2022, o país reportou apenas 41 casos de sarampo, uma queda significativa em relação ao ano de 2019. Para que o Brasil possa continuar sem casos, é fundamental alcançar coberturas vacinais de, no mínimo 95%.
O SARAMPO (CID-10: B05)
É Doença viral, infecciosa aguda, potencialmente grave, transmissível, extremamente contagiosa (Brasil, 2022).
O AGENTE ETIOLÓGICO
RNA vírus pertencente ao gênero Morbillivirus, família Paramyxoviridae (Brasil, 2022).
RESERVATÓRIO
O ser humano (Brasil, 2022).
MODO DE TRANSMISSÃO
Ocorre de forma direta, por meio de secreções nasofaríngeas expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respirar. Por isso, a elevada contagiosidade da doença. Também tem sido descrito o contágio por dispersão de aerossóis com partículas virais no ar, em ambientes fechados, como escolas, creches e clínicas. Pela alta contagiosidade, até nove em cada dez pessoas suscetíveis com contato próximo a uma pessoa com sarampo desenvolverão a doença (Brasil, 2022).
PERÍODO DE INCUBAÇÃO
Pode variar entre 7 e 21 dias, desde a data da exposição até o aparecimento do exantema (Brasil, 2022).
PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE
Inicia-se seis dias antes do exantema e dura até quatro dias após seu aparecimento. O período de maior transmissibilidade ocorre quatro dias antes e quatro dias após o início do exantema (Brasil, 2022).
SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADE
Todas as pessoas são suscetíveis ao vírus do sarampo. Lactentes, cujas mães já tiveram sarampo ou foram vacinadas, podem ter imunidade passiva conferida por anticorpos transmitidos pela via transplacentária. Essa imunidade é transitória e pode perdurar até o final do 1º ano de vida, razão pela qual pode haver interferência na resposta à vacinação em menores de 12 meses de vida. No Brasil, cerca de 85% das crianças perdem esses anticorpos maternos por volta dos 9 meses de idade (Brasil, 2022).
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
Caracteriza-se por febre alta, acima de 38,5°C, exantema máculo-papular generalizado, tosse, coriza, conjuntivite e manchas de Koplik (pequenos pontos brancos que aparecem na mucosa bucal, antecedendo ao exantema).
As manifestações clínicas do sarampo são divididas em três períodos:
Período de infecção: Do 2° ao 4° dias desse período, surge o exantema, quando se acentuam os sintomas iniciais, o paciente fica prostrado e aparecem as lesões características do sarampo: exantema cutâneo máculo-papular de coloração vermelha, iniciado na região retroauricular.
Período toxêmico: A ocorrência de superinfecção viral ou bacteriana. Por isso, são frequentes as complicações, principalmente nas crianças até os 2 anos de idade, em especial as desnutridas.
Remissão: Caracteriza-se pela diminuição dos sintomas, declínio da febre. O exantema torna-se escurecido e, em alguns casos, surge descamação fina, lembrando farinha, daí o nome de furfurácea (Brasil, 2009).
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
É realizado mediante detecção de anticorpos IgM no sangue, na fase aguda da doença. O vírus pode ser identificado na urina, nas secreções nasofaríngeas, no sangue, no líquor cérebro-espinhal ou em tecidos do corpo (Brasil, 2009).
TRATAMENTO
Não existe tratamento específico para a infecção por sarampo. É recomendável a administração da vitamina A em crianças acometidas pela doença, a fim de reduzir a ocorrência de casos graves e fatais, nas seguintes dosagens:
Crianças menores de 6 meses de idade – 50.000UI: Duas doses via oral (uma no dia da suspeita e outra no dia seguinte)
Crianças entre 6 e 11 meses e 29 dias de idade – 100.000UI: Duas doses via oral (uma no dia da suspeita e outra no dia seguinte)
Crianças maiores de 12 meses de idade – 200.000UI: Duas doses via oral (uma no dia da suspeita e outra no dia seguinte).
Atenção: Para os casos sem complicações, manter a hidratação, o suporte nutricional e diminuir a hipertermia. As complicações como diarreia, pneumonia e otite média devem ser tratadas de acordo com normas e procedimentos estabelecidos pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2009).
VACINAÇÃO
É a medida mais eficaz de prevenção, de controle e de eliminação do sarampo.
Rotina: aos 12 meses de idade administrar uma dose da vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola). Aos 15 meses de idade administrar uma dose da vacina tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela), que já tenham recebido a primeira dose da vacina tríplice viral, até 4 anos, 11 meses e 29 dias de idade. Observar o intervalo mínimo de 30 dias entre as doses de tríplice viral e tetraviral.
Trabalhadores de saúde, independentemente da idade: 2 doses de tríplice viral, observando o intervalo mínimo de 30 dias entre as doses. Considerar vacinado o trabalhador que comprovar 2 doses de vacina tríplice viral.
Contraindicações: A vacina tetraviral para gestantes e Crianças vivendo com HIV com qualquer grau de imunossupressão não utilizar a vacina.Vacina tríplice viral crianças abaixo dos 6 meses (até 5 meses e 29 dias) de idade, mesmo em situações de surto de sarampo, caxumba ou rubéola; (Brasil, 2022; Brasil, 2025).
VOCÊ SABIA?
De acordo com Ministério da Saúde (2024) o Estado de Sergipe não registra casos de sarampo desde 2021, contribuindo para retomada do título de país livre de sarampo. Em 2022, o país reportou apenas 41 casos de sarampo, uma queda significativa em relação ao ano de 2019. Para que o Brasil possa continuar sem casos, é fundamental alcançar coberturas vacinais de, no mínimo 95%.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Instrução Normativa do Calendário Nacional de Vacinação. Brasília, DF. 2025. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/vacinacao/publicacoes/instrucao-normativa-que-instrui-o-calendario-nacional-de-vacinacao-2025.pdf/view. Acesso em: 17\06\2025.
BRASIL. Ministério da Saúde. Ministério da Saúde e Vigilância Sanitária. Sarampo. Brasília, DF. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias-para-os-estados/sergipe/2024/junho/sem-registro-de-casos-desde-2021-sergipe-contribui-para-retomada-do-titulo-de-pais-livre-de-sarampo. Acesso em: 13\06\2025.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 7º edição. Brasília, DF. 2009. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_epidemiologica_7ed.pdf. Acesso em: 13\06\2025.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. 5ª edição revisada e atualizada. Brasília, DF. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/svsa/vigilancia/guia-de-vigilancia-em-saude-5a-edicao-revisada-e-atualizada-2022/view. Acesso em: 13\06\2025.
MACIEL, A. M. S. et al. Cobertura da vacina contra sarampo, caxumba e rubéola em capitais e municípios do interior do Nordeste brasileiro: inquérito domiciliar em coorte de crianças nascidas em 2017 e 2018. Revista do SUS Epidemiologia e Serviços de Saúde. 33 (esp2) e20231296. 2024. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ress/a/HkzGRCT6C8ZyWcQj3RNXvSb/?lang=pt. Acesso em: 13\06\2025.
XAVIER, A. R. et al. Diagnóstico clínico, laboratorial e profilático do sarampo no Brasil. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial. 55(4): 390-401. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jbpml/a/d4HfzvcFGZ75SYHL9ZZhkkt/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 13\06\2025.