21/09 – Dia Mundial e Dia Nacional da doença de Alzheimer

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Por: João Batista Cavalcante Filho - Teleconsultor Médico 

Você sabia?
Que os fatores de risco para a Doença de Alzheimer são semelhantes aos fatores de risco pra doenças cardiovasculares, como hipertensão, diabetes, obesidade e tabagismo? Estilo de vida saudável protege a mente e o coração!!!

A Doença de Alzheimer é um transtorno progressivo que se instala quando o processamento de certas proteínas do Sistema Nervoso Central começa a dar errado. Surgem, então, fragmentos de proteínas mal cortadas, tóxicas, dentro dos neurônios e nos espaços que existem entre eles. Como consequência dessa toxicidade, ocorre perda progressiva de neurônios em certas regiões do cérebro que controlam a memória, a linguagem e o raciocínio, comprometendo as atividades da vida diária e provocando uma variedade de alterações comportamentais ¹.

A Doença de Alzheimer atinge principalmente os idosos acima de 60 anos e é considerado um tipo de demência irreversível. Os sintomas principais estão relacionados à perda de memória recente e de memória semântica, que é a memória que “guarda” as definições de palavras, os nomes, os conhecimentos que temos acerca das coisas mais simples até as mais complexas. Depois, atinge a capacidade de concentração, abstração de cálculo. Com o passar dos anos, passa a afetar as habilidades motoras, linguagem, deglutição, equilíbrio 2.

O quadro clínico da doença pode ser apresentado em 4 estágios ¹:

  • Estágio 1 (forma inicial): alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais;

  • Estágio 2 (forma moderada): dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos. Agitação e insônia;

  • Estágio 3 (forma grave): resistência à execução de tarefas diárias. Incontinência urinária e fecal. Dificuldade para comer. Deficiência motora progressiva;

  • Estágio 4 (terminal): restrição ao leito. Mutismo. Dor à deglutição. Infecções intercorrentes.

A causa da Doença de Alzheimer ainda é desconhecida, mas acredita-se que haja um componente genético. Logo, além da idade avançada, história familiar também é um fator de risco não modificável. Apesar disso, há fatores de risco modificáveis que os profissionais de saúde da atenção primária sempre incluem em seus trabalhos de educação em saúde, visando um estilo de vida mais saudável para todas as pessoas e cobrando políticas públicas que garantam acesso e cuidado. Controlando estes fatores de risco estamos nos protegendo dos quadros de demência:

  • Hipertensão (Controlável)

  • Diabetes (Controlável)

  • Obesidade na meia-idade

  • Sedentarismo

  • Tabagismo

  • Depressão

  • Baixo nível educacional

Estudos demonstram que se estes fatores de risco fossem controlados, a prevalência – número de casos em um determinado período – de casos de Alzheimer cairia de 30 a 50% 3.

Os primeiros sinais da Doença de Alzheimer são percebidos por familiares, por isso, dificilmente estes idosos vão em busca de avaliação de profissional de saúde desacompanhados. Estes profissionais realizarão anamnese e exame físico, além de aplicaram testes relativamente simples para rastrear um quadro de demência, como o Miniexame do Estado Mental (MEEM) e o teste do desenho do relógio. Se acharem necessário, solicitarão exames e encaminharão para outros especialistas.

Até o momento, não há tratamento específico para a doença de Alzheimer, que modifique o curso da doença. Mas há medicamentos sintomáticos que podem ter algum impacto, geralmente modesto, em melhorar a memória do paciente enquanto o medicamento é utilizado, sempre lembrando que devem ser prescritos por médicos 3.

No cuidado dos pacientes com Alzheimer, são importante medidas comportamentais, reconhecidamente benéficas por aliviar sintomas neuropsiquiátricos e melhorar a qualidade de vida dos idosos com demência. São estas medidas 3:

  • manter ao máximo a rotina diária;

  • não modificar bruscamente o ambiente onde o idoso vive;

  • exposição à luz solar no período da manhã por ao menos 60 minutos (até às 10 horas, com a devida proteção e sem óculos escuros);

  • praticar caminhadas ou atividade física;

  • evitar luminosidade e barulho à noite;

  • tomar banhos com água em temperatura ideal (35-40°C);

  • estímulo cognitivo e emotivo por meio da linguagem verbal e não verbal

  • musicoterapia;

  • treinamento de cuidadores para medidas de intervenção comportamental.

Cuidar de um idoso com Alzheimer é uma tarefa difícil e que requer muito cuidado e atenção, devendo ser partilhada com todo o afeto possível. Deve-se manter o contato social do idoso com familiares e amigos, realizar atividades físicas, evitar o isolamento, a solidão e estarmos atentos aos sinais de quadros de depressão. Os números mostram que o Brasil (e o mundo) contam a cada ano como mais idosos e uma sociedade que não cuida de seus idosos, é uma sociedade adoecida. Cuidado e amor são uma fonte de vida ética e saudável, em todas as fases de nossa existência!!!


Referências Bibliográficas:

  1. 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Doença de Alzheimer. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/alzheimer#:~:text=Sobre%20Alzheimer&text=A%20doen%C3%A7a%20instala%2Dse%20quando,espa%C3%A7os%20que%20existem%20entre%20eles . Acesso em 08 ago 2023.

  2. 2. SERGIPE. Secretaria de Estado da Saúde. Neurologista fala sobre a importância da identificação precoce para o tratamento do Alzheimer. Disponível em: https://www.se.gov.br/noticias/saude/neurologista-fala-sobre-importancia-da-identificacao-precoce-para-tratamento-do-alzheimer . Acesso em 08 ago 2023.

  3. 3. RORIZ, M; SCHULTZ, R.R.; NOBLE, J.A.C.; BERTOLUCCI, P.H.F. Síndromes Demenciais e Comprometimento Cognitivo leve. In: DUNCAN, Bruce B; SCHIMIDT, Maria Ines; GIUGLIANI, Elsa R. J. . Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. Porto Alegre: Artmed, 2022, p 913-39.