04/03 – Dia Mundial da Obesidade

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Por: Marcella Cristina Halliday Muniz - Teleconsultora Médica

A obesidade é definida pela Organização Mundial da Saúde como “acúmulo anormal ou excessivo de gordura que representa um risco para a saúde”. É mais comumente medida pelo Índice de Massa Corporal (IMC), que quando acima de 30kg/m², caracteriza a condição (1,2). No Brasil, a prevalência de obesidade cresceu 67,8%, passando de 11,8% em 2006 para 19,8% em 2018 (3).

É o resultado de complexos fatores biológicos, genéticos e ambientais. Ambientes físicos e sociais afetam nossa capacidade de viver vidas saudáveis e nos expõem a alimentos não saudáveis que são projetados para nos fazer comer mais. Associa-se a isto um excesso de tempo gasto em comportamentos sedentários, impulsionados pelo uso excessivo de telas e pouca ou nenhuma prática de atividade física. Há, portanto, um desequilíbrio entre calorias consumidas e as calorias gastas (2,4).

Na data de hoje, pensando sobre promoção de saúde no contexto da obesidade, deve-se considerar a perda de peso como um dos elementos e/ou resultados do processo de cuidado, mas não o único. Além de reconhecer que o ganho (ou a perda) de peso não é resultado apenas de escolhas individuais, as abordagens devem fundamentar-se na ideia de que todos são capazes de alcançar saúde e bem-estar, independentemente do peso corporal, porque saúde e qualidade de vida são os verdadeiros objetivos (4).

Assim, além de estimular um padrão alimentar baseado em alimentos in natura e minimamente processados e valorizar mudanças (ainda que pequenas) no estilo de vida com a inserção gradual de prática de atividade física, amplo destaque deve ser dado ao lado emocional. O preconceito, o estigma e a discriminação, menosprezando o corpo das pessoas com excesso de peso, ao invés de estimularem mudanças, desmotivam e até promovem uma piora do quadro (4).

Mesmo diante da ideia de que o acúmulo de peso é influenciado por diversos fatores, pessoas com obesidade são frequentemente percebidas como responsáveis pelo seu excesso de peso. Enquanto o indivíduo com obesidade é visto como preguiçoso e guloso, o magro é tratado como saudável e de sucesso. E esse tipo de abordagem cria um círculo vicioso, com a culpabilização da pessoa pelo excesso de peso, prejuízo do estado emocional e da autoestima e piora da condição clínica (1,5).

A partir do momento em que percebemos a raiz do problema como algo muito mais contextual e complexo, estamos encorajando toda a sociedade a se tornar parte da mudança. Não só na forma de enxergar a pessoa com obesidade, reduzindo os estigmas, mas também em melhorar a compreensão sobre a prevenção e o tratamento da doença (5).


Referências Bibliográficas:

  1. 1. World Obesity Day. Resources. Obesity Factsheets. Disponível em: < https://www.worldobesityday.org/resources/entry/factsheets >.

  1. 2. World Health Organization. Health Topics. Obesity. Disponível em: < https://www.who.int/health-topics/obesity#tab=tab_1 >.

  1. 3. Ministério da Saúde. Plano Nacional de Saúde 2020-2023. Disponível em: < https://www.gov.br/saude/pt-br/acesso-a-informacao/gestao-do-sus/instrumentos-de-planejamento-do-sus/pns >.

  1. 4. Ministério da Saúde. Eu quero ter peso saudável: Quais são as principais recomendações para o tratamento da obesidade no SUS? Publicado em: 05/01/2023. Disponível em: < https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-ter-peso-saudavel/noticias/2023/quais-sao-as-principais-recomendacoes-para-o-tratamento-da-obesidade-no-sus >.

  1. 5. Ministério da Saúde. Eu quero ter peso saudável: Todo mundo precisa agir: entenda por que a obesidade não é uma questão individual. Publicado em: 07/03/2022. Disponível em: < https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-ter-peso-saudavel/noticias/2022/todo-mundo-precisa-agir-entenda-por-que-a-obesidade-nao-e-uma-questao-individual >.