Por: Ana Gardênia Alves Santos e Silva - Teleconsultora Médica
Você sabia?
O Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla foi instituído pela Lei 11.303 de 11/05/06 com o intuito de dar maior visibilidade a doença e aos seus sinais e sintomas, além de alertar a população sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento adequado (1). Estima-se que 40 mil brasileiros convivem com a doença.
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica, crônica e autoimune (as próprias células de defesa do organismo o atacam). Por motivos genéticos ou ambientais o sistema imunológico começa a agredir a bainha de mielina (camada de gordura que envolve as fibras nervosas do cérebro e medula espinhal), comprometendo a função do sistema nervoso (cérebro e medula) ao atingir diversas funções ligadas ao trânsito de informações dos neurônios para o resto do corpo. Quando esse caminho é prejudicado pelas lesões provocadas pela enfermidade, essas informações se espalham gerando diversos sintomas, como por exemplo: fadiga intensa, depressão, fraqueza muscular, alteração do equilíbrio da coordenação motora, dores articulares, disfunção intestinal e da bexiga. (2)
A Esclerose Múltipla é uma das doenças neurológicas mais comuns em adultos jovens, afeta usualmente adultos na faixa de 18-55 anos de idade, mas casos fora destes limites têm ocorrido. No Brasil, sua taxa de prevalência é de aproximadamente 15 casos por cada 100.000 habitantes. Foi descrita inicialmente em 1868 pelo neurologista francês Jean Charcot, que a chamou de Esclerose em Placas. É uma doença crônica que contribui para uma deficiência neurológica e, a longo prazo, para a invalidez.(3)(4)
A Esclerose Múltipla:
– não é uma doença mental.
– não é contagiosa.
– não é suscetível de prevenção.
– não tem cura e seu tratamento consiste em atenuar os afeitos e desacelerar a progressão da doença.
O diagnóstico é feito através da história clínica detalhada, associada ao exame clínico e neurológico completos. Diagnosticar a doença precocemente faz toda a diferença.
Quando mais cedo o tratamento é iniciado, maior a chance de modificar a longo prazo o curso natural da EM, reduzindo o número de surtos, lesões e sequelas neurológicas.(5)
Embora ainda não exista cura para a EM, há tratamentos medicamentosos que buscam reduzir a atividade inflamatória e a ocorrência dos surtos ao longo dos anos, contribuindo para a diminuição do acúmulo de incapacidades durante a vida do paciente. Além do foco na doença, tratar os sintomas é muito importante para a qualidade de vida desses pacientes. Os medicamentos utilizados, bem como todo o tratamento, devem ser indicados e acompanhados pelo médico neurologista de forma individualizada.(6)
Referências Bibliográficas:
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Lei Nº 11.303, de 11 de maio de 2006. Institui o Dia Nacional de Conscientização da Esclerose Múltipla. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/L11303.htm (acessado em: 27/07/2022)
2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESCLEROSE MÚLTIPLA (ABEM). O que é esclerose múltipla? Disponível em: www.abem.org.br. Acessado em: 03/08/2022.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência e Tecnologia e Assuntos Estratégicos. Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC). Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Esclerose Múltipla – Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 33p. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Consultas/2019/Relatorio_PCDT_Esclerose_Multipla_CP03_2019.pdf (acessado em: 27/07/2022)
4. CALLEGARO D, GOLDBAUM M, MORAIS L, et al. The prevalence of multiple sclerosis in the city of São Paulo, Brazil, 1997. Acta Neurol Scand 2001; 104: 208–13
5. ABREU, E P. Sintomas e Tratamentos da Esclerose Múltipla (EM): em busca da qualidade de vida. Revista Acadêmica do Centro da Pós-Graduação Oswaldo Cruz. Edição 24. Disponível em: https://oswaldocruz.br/revista_academica/content/pdf/Edicao24_Elaine_Pio_Abreu.pdf. Acessado em: 03/08/2022
6. OLIVEIRA, E.M.L. & SOUZA, N.A. Esclerose Múltipla. Rev. Neurociências 6(3): 114-118, 1998