Por: Marcella Cristina Halliday Muniz - Teleconsultora Médica
Você sabia?
São consideradas cegas não apenas as pessoas que apresentam incapacidade total para ver, mas também aquelas nas quais o prejuízo da visão se encontra em níveis incapacitantes para o exercício das tarefas do dia-adia, apesar de possuírem certos graus de visão residual. Quando esta visão residual pode ser utilizada e melhorada por meio de recursos especiais (auxílios ópticos e não ópticos), diz-se que a pessoa tem baixa visão ou visão subnormal (1).
A visão, o mais dominante dos nossos sentidos, desempenha um papel crítico em todas as fases da vida. Atividades tão corriqueiras no desenvolvimento do ser humano, como aprender a andar, a ler e a frequentar uma escola, e posteriormente trabalhar, tornam-se muito mais difíceis sem a visão (2).
A deficiência visual ocorre quando uma doença ocular afeta o sistema visual e uma ou mais funções visuais (como a visão de contraste, de cores, visão periférica). Em todo o mundo, pelo menos 2,2 milhões de pessoas têm deficiência visual, e em quase metade desses casos, a deficiência poderia ter sido evitada ou resulta da falta de tratamento do problema ocular de base. Estudos mostram que mais de 90% da deficiência visual no mundo está localizada nos países em desenvolvimento, afetando predominantemente pessoas maiores de 50 anos (2).
A catarata e os erros de refração (miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia) não corrigidos são as duas principais causas de deficiência visual reversível, representando 75% de todos os casos, sendo mais frequentes entre os grupos etários mais velhos. O glaucoma representa a maior causa de cegueira irreversível em todo o mundo, e a retinopatia diabética, uma complicação do diabetes mellitus, constitui atualmente a maior causa de cegueira em pacientes em idade produtiva(1).
A cegueira tem profundas consequências humanas e socioeconômicas. Os custos de perda de produtividade, da reabilitação e da educação dos cegos constituem uma dificuldade econômica significativa para o indivíduo, para a família e para a sociedade (1).
A reabilitação das pessoas com deficiência visual ou cegueira de causa irreversível busca maximizar o uso da visão residual e fornecer adaptações práticas para lidar com as consequências sociais, emocionais e econômicas impostas pela própria deficiência. Está disponível uma vasta gama de intervenções de reabilitação da visão, incluindo ampliadores ópticos, modificação ambiental (por exemplo, iluminação melhorada), leitura por Braille, recursos de acessibilidade em smartphones (leitores de tela), aconselhamento e formação em tarefas quotidianas, tais como a formação em orientação e mobilidade com bengalas brancas para garantir segurança no caminhar (2).
A combinação do crescimento e do envelhecimento populacional aumentará significativamente o número total de pessoas com doenças oculares e deficiência visual. Assim, faz-se necessário aumentar a conscientização geral sobre a importância da identificação precoce das doenças oculares e quanto à disponibilidade de intervenções eficazes que respondam a todas as necessidades de cuidados oftalmológicos ao longo da vida. Igualmente, sensibilizar a sociedade para a obrigação de cumprimento dos direitos das pessoas com deficiência visual e cegueira, de participarem da sociedade em igualdade de condições com as demais (2).
Referências:
- 1.CBO – Conselho Brasileiro de Oftalmologia. As Condições de Saúde Ocular no Brasil. 1ª ed. 2019. Disponível em: < https://www.cbo.com.br/novo/publicacoes/condicoes_saude_ocular_brasil2019.pdf >
- 2.OMS – Organização Mundial da Saúde. Relatório Mundial sobre a Visão. 2021. Disponível em: < https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/328717/9789241516570-por.pdf >