Por: Daniela Alves Freire - Médica Telerreguladora
Você sabia?
A Lei n° 13.802, de 10 de janeiro de 2019, instituiu o Julho Amarelo, a ser realizado a cada ano, em todo território nacional, como referência às ações efetivadas relacionadas à luta contra as hepatites virais. Aproveite o período para aprender e se informar mais sobre as Hepatites Virais.
Perguntas e repostas sobre a Hepatite C:
O que é Hepatite C?
A hepatite C é uma doença infectocontagiosa causada pelo vírus da Hepatite C (HCV). Esse vírus foi o primeiro membro do gênero Hepacivirus, da família Flaviridae, sendo o principal agente etiológico da hepatite crônica, anteriormente denominada “hepatite Não A Não B”.
A cronificação da doença ocorre de 70% a 85% dos casos, sendo que, em média, entre um quarto e um terço destes podem evoluir para formas histológicas graves ou cirrose, no período de 20 anos, caso não haja intervenção terapêutica. O restante dos pacientes evolui de forma mais lenta e talvez nunca desenvolvam hepatopatia grave. É importante destacar que a infecção pelo HCV já é a maior responsável por cirrose e transplante hepático no mundo ocidental.
Como ocorre a contaminação pela Hepatite C?
A transmissão do HCV ocorre, principalmente, por via parenteral. É importante ressaltar que, em um percentual significativo de casos, não é possível identificar a via de infecção.
São consideradas populações de risco acrescido para a infecção pelo HCV por via parenteral:
- • indivíduos que receberam transfusão de sangue e/ou hemoderivados antes de 1993;
- • pessoas que usam drogas injetáveis (cocaína, anabolizantes e complexos vitamínicos), inaláveis (cocaína) ou pipadas (crack), e que compartilham os respectivos equipamentos de uso;
- • pessoas com tatuagem, piercings ou que apresentem outras formas de exposição percutânea (por exemplo, consultórios odontológicos, clínicas de podologia, salões de beleza, etc., que não obedecem às normas de biossegurança).
A transmissão sexual é pouco frequente – menos de 1% em parceiros estáveis – e ocorre, principalmente, em pessoas com múltiplos parceiros e com prática sexual de risco (sem uso de preservativo), sendo que a coexistência de alguma IST, inclusive o vírus da imunodeficiência humana (HIV), constitui um importante facilitador dessa transmissão.
A transmissão vertical (mãe para filho) da hepatite C é rara quando comparada à da hepatite B. Entretanto, já se demonstrou que gestantes com carga viral do HCV elevada ou coinfectadas pelo HIV apresentam maior risco de transmissão da doença para os recém-nascidos.
Quais os sintomas mais comuns na Hepatite C?
A hepatite C aguda apresenta evolução subclínica, com cerca de 80% de casos assintomáticos e anictéricos, dificultando o diagnóstico. Aproximadamente, 20% a 30% dos casos podem apresentar icterícia e 10% a 20% apresentam sintomas inespecíficos, como anorexia, astenia, mal-estar e dor abdominal. Quando presente, o quadro clínico é semelhante àquele decorrente de outros agentes que causam hepatites virais, e o diagnóstico diferencial somente é possível com a realização de testes para detecção de anticorpos específicos, antígenos virais ou material genético viral.
Existe Vacina para a Hepatite C?
Não existe vacina para a Hepatite C.
Como se dá o diagnóstico?
O diagnóstico da infecção pelo HCV se dar através da realização de testes rápidos, de exames sorológicos e teste complementar biologia molecular (HCV-RNA).
Os exames estão disponíveis no SUS com acesso através das Unidades Básicas de Saúde.
A presença do anticorpo contra o vírus da hepatite C (anti-HCV) significa que o paciente teve contacto com o vírus. Sua presença não significa que a infecção tenha persistido. Cerca de 15 a 20% das pessoas infectadas conseguem eliminar o vírus por meio de suas defesas imunológicas, obtendo a cura espontânea da infecção.
A presença de infecção persistente e atual pelo HCV é demonstrada pela pesquisa do vírus no sangue, pelo exame HCV RNA qualitativo. Portanto, os pacientes que apresentarem anti-HCV reagente deverão ser encaminhados para um centro de referência para uma avaliação com um especialista.
Mães portadoras de Hepatite C podem amamentar?
A transmissão do HCV pelo aleitamento materno não está comprovada. Dessa forma, a amamentação não está contraindicada quando a mãe é infectada pelo vírus da hepatite C, desde que não existam fissuras no seio que propiciem a passagem de sangue.
Existe tratamento para a Hepatite C?
Sim. O tratamento da hepatite C constitui-se em um procedimento de maior complexidade, devendo ser realizado em serviços especializados. Nem todos os pacientes necessitam de tratamento e a definição dependerá da realização de exames específicos, como biópsia hepática e exames de biologia molecular. Quando indicado, o tratamento poderá ser realizado por meio da associação de Interferon com Ribavirina ou do Interferon Peguilado associado à Ribavirina. A chance de cura varia de 50 a 80% dos casos, a depender do genótipo do vírus.
Referências:
1-BRASIL. Lei nº 13.802, de 10 de janeiro de 2019. Institui o Julho Amarelo, a ser realizado a cada ano, em todo o território nacional, no mês de julho, quando serão efetivadas ações relacionadas à luta contra as hepatites virais. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/l13802.htm. Acesso em: 6 julho 2020.
2-Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais/ 2020. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.
3-Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/Aids e das Hepatites Virais. Manual Técnico para o Diagnóstico das Hepatites Virais. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
4-Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. A, B, C, D, E de hepatites para comunicadores / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2005.






