* Daniela Alves Freire – Médica Telerreguladora – Núcleo de Telessaúde Sergipe
O suicídio é um problema complexo para o qual não existe uma única causa ou uma única razão. Ele resulta de uma complexa interação de fatores biológicos, genéticos, psicológicos, sociais, culturais e ambientais.
O suicídio é uma questão de Saúde Pública em todos os países. Estima-se que um milhão de pessoas cometeram suicídio no ano de 2000 no mundo, o que representa uma morte a cada 40 segundos. A cada 3 segundos uma pessoa atenta contra a própria vida. A morte por suicídio ocupa a terceira posição entre as causas mais frequentes de óbito de pessoas de ambos os sexos com idades entre 15 e 34 anos, sendo o grupo de maior risco, o idoso do sexo masculino. Os índices de suicídio têm aumentado entre pessoas jovens.
Quando comparada com as taxas de suicídio de diferentes países, a taxa de mortalidade por suicídio no Brasil é uma das mais baixas, porém, em números absolutos o Brasil está entre os dez países com o maior número de mortes por essa causa. O Ministério da Saúde, em levantamento, apontou que a intoxicação exógena é o meio utilizado por mais da metade das tentativas de suicídio notificadas no país. Com relação aos óbitos, a intoxicação é a segunda causa, com 18%, ficando atrás das mortes por enforcamento, que atingem 60% do total. É importante a análise desses dados para diminuir o preconceito e o estigma nas pessoas que tentam o suicídio.
Dentre as intervenções universais de prevenção do suicídio, destacam-se as relativas à restrição aos meios de suicídio (controle de armas de fogo e de acesso a agrotóxicos), a redução do uso prejudicial de álcool e outras drogas e a conscientização da mídia para comunicação responsável sobre o tema.
Um indivíduo em sofrimento pode dar certos sinais, que devem chamar a atenção de seus familiares e amigos próximos, sobretudo se muitos desses sinais se manifestam ao mesmo tempo, como:
- ● O aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de manifestações verbais durante pelo menos duas semanas;
- ● Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança
- ● Expressão de ideias ou intenções suicidas

- ● Isolamento
- ● Outros fatores: exposição ao agrotóxico, perda de emprego, crises políticas e econômicas, discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, agressões psicológicas e/ou físicas, sofrimento no trabalho, diminuição ou ausência de autocuidado, conflitos familiares, perda de um ente querido, doenças crônicas, dolorosas e/ou incapacitantes, entre outros podem ser fatores que vulnerabilizam, ainda que não possam ser considerados como determinantes para o suicídio.
Ao observar uma pessoa sob risco de suicídio:
- Converse em um momento apropriado e lugar calmo, favorecendo a escuta e ofereça apoio;
- Fique em contato para acompanhar como a pessoa está se sentindo e o que está fazendo;
- Incentive a pessoa a procurar ajuda profissional;
- Proteja a pessoa de perigos imediatos, não a deixe sozinha e assegure-se de que a pessoa não tenha meios para provocar a própria morte (pesticidas, armas de fogo, medicamentos, etc).
Onde buscar ajuda para prevenir o suicídio: |
CAPS e Unidades Básica de SaúdeUPA 24hSAMUPronto socorroHospitaisCentro de Valorização da Vida – 188 (ligação gratuita) |
Referências bibliográficas:
- 1. Ministério da Saúde. Prevenção do suicídio: sinais para saber e agir. Brasília: Ministério da Saúde. Disponivel em: <http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/suicidio>. Acesso em 08 set. 2020.
- 2. Ministério da Saúde. Estratégia nacional de prevenção do suicídio: manual dirigido a profissionais das equipes de saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde; 2006
- 3. Vidal CEL et al. Tentativas de suicídio: fatores prognósticos e estimativa do excesso de mortalidade. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 29(1):175-187, jan, 2013.
- 4. BOTEGA, Neury José. Comportamento suicida: epidemiologia. Psicol. USP, São Paulo, v.25, n.3, p.231-236, dez. 2014. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-65642014000300231&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 08 set. 2020.