O Exame Oftalmológico na Infância

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Por: Marcella Cristina Halliday Muniz - Teleconsultora Médica 

A visão tem um papel fundamental nos primeiros anos de vida, pois estimula a comunicação e ajuda a criança na realização de ações e movimentos, contribuindo para sua independência e evolução clínica (1). 

Por volta dos 4 anos de idade, o sistema visual já está completamente desenvolvido, mas ainda é aperfeiçoado até os 10 anos. Ao longo deste período, diversas doenças são capazes de comprometer este processo de desenvolvimento, e se não tratadas prontamente podem resultar em déficits visuais que não poderão ser corrigidos na vida adulta, pela perda da janela de desenvolvimento global infantil (1).

O mais importante é a prevenção: avaliações oculares periódicas nas crianças e atenção a sinais que podem representar dificuldade para enxergar. Por faixa etária, separamos as principais condições que afetam a visão das crianças e que servem de alerta a pais e cuidadores:

Recém-nascido: ao nascer, toda criança deve passar pelo chamado Teste do Olhinho, no qual o médico identifica problemas oculares congênitos como malformações, catarata congênita, tumores e alterações embrionárias (2,3).

Até os 2 anos: crianças que não apresentam interesse por estímulos visuais, quadros com lacrimejamento frequente, desvio ocular, pupilas brancas ou com aspecto fosco, pupilas fora da posição central ou com tamanhos diferentes; todos são sinais que devem ser motivo de avaliação imediata com um oftalmologista. Isso é essencial para detectar problemas como glaucoma congênito ou catarata infantil, infecções ou inflamações intraoculares, por exemplo (2,3).

Dos 2 aos 5 anos: o desvio ocular (chamado estrabismo) é a principal ocorrência nessa fase da vida da criança. O desvio precisa ser identificado e tratado idealmente até os 8 anos de idade, mas quanto mais cedo for identificado, maiores as chances de tratamento e menor a perda visual (2).

Dos 5 aos 10 anos: na vida escolar, é possível que pais e professores identifiquem dificuldades na criança para enxergar para longe ou perto. Além disso, desinteresse pelas aulas, baixo rendimento escolar e dificuldades de aprendizado também servem como importantes alertas para possíveis problemas visuais (chamados erros refrativos) que exigem a correção óptica, como a miopia, a hipermetropia e o astigmatismo (2).

Dos 10 aos 15 anos: na adolescência e pré-adolescência, além dos erros refrativos, existe o risco do desenvolvimento do ceratocone, doença que ocasiona perda da rigidez da córnea, que assume um formato característico de cone, provocando alterações visuais mesmo em uso de lentes corretivas.

A doença pode ser estimulada pelo hábito de coçar os olhos com muita frequência, sendo importante atentar também para queixas de sensibilidade à luz e baixa qualidade visual com óculos ou lentes (1,2). 

Visitas regulares a um oftalmologista e atenção a qualquer sinal de dificuldade visual são essenciais para manter a saúde visual de crianças e adolescentes!

                                           O Exame Oftalmológico na Infância

Referências Bibliográficas

  1. 1. CBO – Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Revista Veja Bem 24. Ano 08. 2020. Disponível em: < https://cbo.net.br/2020/admin/docs_upload/Revista_vejabem_24_cbo_bq.pdf >.

2. CBO – Conselho Brasileiro de Oftalmologia. Revista Veja Bem 30. Ano 09. 2021. Disponível em: < https://cbo.net.br/2020/admin/docs_upload/Revista_vejabem_30_cbo_online.pdf >.

3.  Rossetto, Julia Dutra et al. Brazilian guidelines on the frequency of ophthalmic assessment and recommended examinations in healthy children younger than 5 years. Arquivos Brasileiros de Oftalmologia [online]. 2021, v. 84, n. 6. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/abo/a/7sCCbDbqpSRZCDd6CQS8M3K/?lang=en# >.