Hipertensão

Posted on Posted in Pílulas do Conhecimento
* Vanessa Tavares de Gois Santos  – Teleconsultora odontóloga – Núcleo de Telessaúde Sergipe

  

 

Você sabia?

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Sua prevalência no Brasil varia entre 22% e 44% para adultos (32% em média), chegando a mais de 50% para indivíduos com 60 a 69 anos e 75% em indivíduos com mais de 70 anos (1,2).

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados de pressão arterial – PA (PA ≥140 x 90mmHg). Associa-se, frequentemente, às alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sanguíneos) e às alterações metabólicas, com aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais (1,2).

A HAS apresenta alta morbimortalidade, com perda importante da qualidade de vida, o que reforça a importância do diagnóstico precoce. O diagnóstico não requer tecnologia sofisticada, e a doença pode ser tratada e controlada com mudanças no estilo de vida, com medicamentos de baixo custo e de poucos efeitos colaterais, comprovadamente eficazes e de fácil aplicabilidade na Atenção Básica (AB) (2).

A partir de 115 mmHg de pressão sistólica (PS) e de 75 mmHg de pressão diastólica (PD), o risco para eventos cardiovasculares aumenta de forma constante, dobrando a cada 20 mmHg no primeiro caso e a cada 10 mmHg no segundo caso (3,4). Os valores de 140 mmHg para a PS e de 90 mmHg para a PD, empregados para diagnóstico de HAS, correspondem ao momento em que a duplicação de risco repercute de forma mais acentuada, pois já parte de riscos anteriores mais elevados (4).

Além do diagnóstico precoce, o acompanhamento efetivo dos casos pelas equipes da AB é fundamental, pois o controle da pressão arterial (PA) reduz complicações cardiovasculares e desfechos como Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), Acidente Vascular Cerebral (AVC), problemas renais, entre outros (2).

As Diretrizes Nacionais para a Hipertensão Arterial (HA), publicadas em 2020, trazem como fatores de risco importantes para a ocorrência da hipertensão: genética, idade, sexo, etnia, sobrepeso/obesidade, ingestão de sódio e potássio, sedentarismo, álcool, fatores socioeconômicos, e outros fatores que podem interferir na elevação da pressão arterial, tais como: uso de medicações, drogas ilícitas, e pacientes que possuem apneia obstrutiva do sono (5).

Em 2017, ocorreu um total de 1.312.663 óbitos, com um percentual de 27,3% para as doenças cardiovasculares. Essas doenças representaram 22,6% das mortes prematuras no Brasil (entre 30 e 69 anos de idade). No período de uma década (2008 a 2017), foram estimadas 667.184 mortes atribuíveis à HA no Brasil (5).

A prevenção primária continua a ser a melhor opção em termos de custo-benefício. A abordagem adequada dos fatores de risco para o desenvolvimento da HA deve ser o grande foco do SUS. Os tópicos que merecem destaque na soma do controle e tratamento da doença são: controle do peso, dieta saudável, modificações no consumo do sódio (limitada a aproximadamente 2 g/dia), ingestão adequada de potássio, realização de atividade física (sedentarismo é um dos dez principais fatores de risco para a mortalidade global), redução do consumo de álcool, controle emocional (reduzir estresse), controle do tabagismo, apoio espiritual (transcendendo religiosidade), etc (5).

As mudanças no estilo de vida são de difícil implementação, e a sociedade como um todo deve participar deste esforço (5). A atenção básica, como primeiro nível de assistência no serviço público de saúde executa o importante papel de diagnóstico dessa condição crônica, acompanhamento, tratamento e busca ativa; sendo um importante meio de controle dos índices de agravamento e de conscientização da população de sua área de abrangência (território de atuação).

A Hipertensão Arterial em muitos casos é uma doença silenciosa. Portanto, verifique sua pressão arterial com frequência e fique atento aos fatores de risco! Cuide de você!

REFERÊNCIAS

1- SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, São Paulo, v. 95, n. 1, p. 1-51, 2010. Suplemento 1.

2- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: hipertensão arterial sistêmica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014.

3- LEWINGTON, S. et al. Age-specific relevance of usual blood pressure to vascular mortality: a metaanalysis of individual data for one million adults in 61 prospective studies. The Lancet, London, v. 360, n. 9349, p. 1903-1913, dec. 2002.

4- CHOBANIAN, A. V. et al. The Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure. The JNC 7 report. JAMA, [S.l.], v. 289, n. 6, p. 2560-2572, dez. 2003.

5- Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Mota-Gomes MA, Brandão AA, Feitosa ADM, Machado CA, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arq. Bras. Cardiol. 2021;116(3):516-658.