* Daniela Alves Freire – Médica Telerreguladora – Núcleo de Telessaúde Sergipe
A ostomia, ou estomia é um procedimento realizado com o objetivo de construir um novo caminho para eliminação de urina e fezes.
A cirurgia para a realização de estomas é necessária em uma variedade de condições, tais como as doenças crônico-degenerativas, entre elas o câncer, a Doença de Chagas, as doenças inflamatórias (Retocolite Ulcerativa Inespecífica e Doença de Crohn), mal formações congênitas (ânus imperfurado, mielomeningocele), traumas abdomino-perineais (ferimento por armas de fogo ou brancas, acidente automobilístico e outros), doenças neurológicas e outras. Ela pode ocorrer nas diferentes faixas etárias, desde neonatos até idosos.
O estoma pode ser temporário ou definitivo e o paciente utiliza uma bolsa coletora diretamente ligada ao intestino grosso ou delgado para a eliminação de fezes e/ou urina. Ele é a parte do intestino em contato com a bolsa, que é vermelho vivo, úmido e indolor. Ocasionalmente pode ocorrer um pequeno sangramento, por conta dos vasos sanguíneos presentes.
Tipos de estomas:
Colostomia: abertura no intestino grosso para saída de fezes ou urina e fezes.
Ileostomia: abertura no intestino delgado (fino) para saída de fezes.
Urostomia: um pedaço do intestino delgado é ligado ao ureter para saída de urina.
A pessoa com estoma necessita de diferentes equipamentos coletores e adjuntos para o seu processo de reabilitação. Estes podem variar conforme a faixa etária, o tipo de estoma, as características individuais relacionadas a tipo de pele e à constituição física, as características do estoma e presença de complicações.
Apesar da ostomia ser um procedimento que proporciona uma nova oportunidade de viver com mais qualidade, o processo de adaptação inicial é complicado. Independentemente de suas características, a realização do estoma é sempre um acontecimento traumático, uma vez que o estoma acarreta mudanças que repercutirão em todos os níveis da vida da pessoa, tais como: necessidade de realização do autocuidado com o estoma, aquisição de material apropriado para a contenção das fezes ou urina, adequação alimentar, convivência com a perda do controle da continência intestinal ou vesical, eliminação dos odores, alteração da imagem corporal, bem como alteração nas atividades sociais, sexuais e inclusive nas cotidianas.
As políticas públicas de atenção às pessoas com estomas no SUS visam a garantia ao atendimento de algumas necessidades básicas para a convivência com um estoma e delineia a necessidade de um novo modelo de atenção às pessoas com estomas no país, pautado em atendimento interdisciplinar precoce, de caráter preventivo, individualizado e sistematizado, visando à reabilitação e melhoria da qualidade de vida dessas pessoas.
É importante a necessidade de abordagem de preocupações psicossociais, atentando-se aos pensamentos negativos e incentivando as interações sociais a socialização de pessoas com estomia. Desde que siga as recomendações do médico, a pessoa pode viajar, dançar, namorar, tomar banho de mar e piscina, praticar atividade física e seguir com a rotina.
Referências
1-Dia Nacional dos Ostomizados. A. C. Camargo Câncer Center, 2019. Disponível em: < https://accamargo.org.br/sobre-o-cancer/noticias/dia-nacional-dos-ostomizados#:~:text=%C3%89%20um%20procedimento%20que%20salva,preconceito%20por%20meio%20da%20informa%C3%A7%C3%A3o. Acesso em 12 de nov. 2020
2-Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Cuidados com a sua estomia intestinais urinárias: orientações ao usuário / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. 2. ed. – Rio de Janeiro: Inca, 2018.
3-Ministério da Saúde (Brasil). Instrutivo Ostomia da Portaria MS n.º 793, de 24 de abril de 2012. Publicado em 2014.
4- Borges, EL, Ribeiro, MS. Linha de Cuidados da Pessoa Estomizada. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais.Belo Horizonte: SES-MG, 2015.
5-Sociedade Brasileira de Estomaterapia (SOBEST) e Associação Brasileira de Ostomizados (ABRASO). Proposta de Portaria Ministerial, 2005. Propõe uma Política Nacional de Saúde das Pessoas com Estomas. São Paulo, 2005