PREVENÇÃO DA OBESIDADE

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* Débora Lessa Christofani – Teleconsultora médica – Núcleo de Telessaúde Sergipe
 

Você sabia?

Fatores genéticos desempenharam papel decisivo na origem da obesidade, mais importante do que as influências ambientais alimentares. O risco de obesidade quando nenhum dos pais é obeso é de 9%, enquanto, quando um dos genitores é obeso, eleva-se a 50%, atingindo 80% quando ambos são obesos.(1)

     O dia 11 de outubro foi instituído o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade pela Lei nº 11.721/2.008, com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da prevenção da obesidade.(1)

     A obesidade é definida pelo excesso de gordura corporal, ligada a vários riscos para a saúde, abrangendo os aspectos sociais, comportamentais e biológicos. A partir desse excesso de gordura é possível identificar a predisposição para doenças crônicas não transmissíveis, como por exemplo, o diabetes, as doenças cardiovasculares e câncer.  No Brasil, segundo dados da última pesquisa de orçamentos familiares cerca de 15% dos adultos apresentavam obesidade e cerca de metade da população maior de 20 anos apresentava sobrepeso. .(2)

     Na prática clínica cotidiana, para avaliar se o peso de uma pessoa está dentro da faixa considerada adequada, o cálculo mais usado é o IMC (calculado através da divisão do peso em kg pela altura em metros elevada ao quadrado, kg/m²). Assim, pessoas com sobrepeso tem IMC de 25 a 29,9 kg/m², e com obesidade possuem IMC maior ou igual a 30 kg/m², podendo ainda a obesidade ser dividida em grau I ( IMC 30-34,9), II ( IMC 35-39,9)  e III (IMC > 40). (1,2)

     A medida da circunferência abdominal (CA) tem sido utilizada como indicador de obesidade central e pode ter relação com o desenvolvimento das doenças cardiovasculares, do diabetes melittus tipo 1 e também da morte prematura. A CA é o melhor indicador antropométrico na detecção dos fatores de risco cardiovascular em adolescentes e adultos jovens, incluindo níveis arteriais aumentados e sensibilidade à insulina.(2)

     A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, resultando da interação de genes, ambiente, estilos de vida e fatores emocionais. O ambiente moderno é um potente estímulo para a obesidade. A diminuição da prática de atividade física e o aumento da ingestão calórica são fatores determinantes ambientais mais fortes. No entanto, fatores genéticos desempenharam papel decisivo na origem da obesidade, mais importante do que as influências ambientais alimentares. O risco de obesidade quando nenhum dos pais é obeso é de 9%, enquanto, quando um dos genitores é obeso, eleva-se a 50%, atingindo 80% quando ambos são obesos. (1)

     A prevalência da obesidade aumentou agudamente nas últimas três décadas em todas as faixas etárias, particularmente, entre as crianças, adolescentes e adultos jovens. O aumento da obesidade em crianças e adolescentes é particularmente preocupante, nota-se que em crianças que aos quatro anos de idade eram obesas 20% tornaram-se adultos obesos, já nos adolescentes obesos esse percentual foi de 80% na idade adulta. (3)

     A obesidade na adolescência constitui um dos mais importantes problemas de saúde pública, não só pela possibilidade de manutenção dessa condição até a vida adulta como também por aumentar o risco para surgimento precoce das complicações metabólicas associadas ao excesso de gordura corporal, conhecida com síndrome metabólica, que associa-se ao aumento da pressão arterial, alteração do perfil lipídico e glicídio. No entanto, outras alterações, como problemas respiratórios, dermatológicos e ortopédicos, também podem ocorrer. (2,3)

     O tratamento da obesidade é complexo e multidisciplinar. Em linhas gerais, o tratamento farmacológico é adjuvante e inicia-se na prevenção secundária para impedir a progressão da doença para um estágio mais grave e prevenir complicações, sempre com uma abordagem terapêutica individualizada. (1)

     A prevenção primária inclui medidas não farmacológicas como mudanças de estilo de vida e as técnicas cognitivo-comportamentais, associado a orientações nutricionais para diminuir o consumo de calorias na alimentação e exercícios físicos para aumentar o gasto calórico diário, reduzindo sedentarismo na população com sobrepeso / obesidade. (1)

     A obesidade é uma doença crônica que tende a recorrer após a perda de peso. Considera-se sucesso no tratamento da obesidade a habilidade de atingir e manter uma perda de peso clinicamente útil, que resulte em efeitos benéficos sobre doenças associadas, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial e dislipidemia. Uma perda de peso de 5% mantida é um critério mínimo de sucesso, pois leva a melhora das doenças associadas. (1)

     A longo prazo  para que o tratamento da obesidade seja eficaz é importante manter constante vigilância na prática regular de atividade física e de controle da ingestão calórica, além de outros fatores, como apoio social, familiar e automonitorização, intervenções que produzem efeitos positivos na prevenção do ganho de peso, principalmente em crianças e adolescentes.(1)

 

REFERÊNCIAS:

  1. 1. ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Diretrizes brasileiras de obesidade 2016. 4. ed. São Paulo-SP. 2016. Disponível em: https://abeso.org.br/wp-content/uploads/2019/12/Diretrizes-Download-Diretrizes-Brasileiras-de-Obesidade-2016.pdf. Acesso em: 23 set. 2020.  
  2. 2. PORTO, T. N. R. S. et al. Prevalência do excesso de peso e fatores de risco para a obesidade em adultos. Revista Eletrônica Acervo Saúde. v. 1, n. 12, p. 1-12, 2019. Disponível em: https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/308. Acesso em: 23 set. 2020.  
  3. 3. SICHIERI, R.; SOUZA, R. A. Estratégias para prevenção da obesidade em crianças e adolescentes. Cad. Saúde Pública. v.24, n.2, Rio de Janeiro, p. 209-234, 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/csp/v24s2/02.pdf. Acesso em: 23 set. 2020.